sábado, 26 de março de 2016

Wikileaks cita judiciário e cooperação entre Brasil e EUA


 


A não aceitação da delação premiada da Odebrecht, logo após ao vazamento de uma lista com mais de 200 influentes políticos ligados ao sistema golpista e simpáticos aos EUA e ao neoliberalismo, e a proibição de novas divulgações de listas, que não contenham os nomes de Lula e Dilma, nos levam a dois caminhos curiosos.

1-      A Lava Jato só quer destruir Lula, ainda imbatível nas pesquisas, para  ter no futuro um governo privatista, e junto destruir  a  imagem da Petrobras,  provando que o estado é mal administrador (como FHC fez com as comunicações e as mineradoras), buscando futuros  governantes simpáticos a causa às causas americanas e suas empresas. Incluindo-se a indústria da construção civil brasileira usando-se como arma o combate a corrupção, que na verdade não pretende atingir todos os corruptos, mas apenas os indesejáveis, como deixou claro o juiz Moro, com sua proibição seletiva de listas.
2-      Rompimento dos laços, com tudo o que se considera obstáculo ao FMI e ao desenvolvimento capitalista caseado no dólar e empresas norte-americanas, como o caso dos BRICS


A rede Globo, notadamente uma empresa ligada aos norte-americanos , além de toda campanha contra qualquer governo, que não interesse aos interesses do capital americano,  vem fazendo uma campanha subliminar contra, não só o atual governo, mas também a qualquer fator de recuperação econômica.  Entre as diversas criticas e manipulações midiáticas, destaca-se a campanha contra a construção civil, que cresceu muito na última década e com isso prejudicando a  compra de imóveis,  destacando o que ela chama de “hora errada”, para que não haja recuperação no mercado.  São inúmeros economistas de terceira qualidade, convocados para manter o telespectador assustado.
Juntamente com a fabricação de uma crise, que aos poucos se acentua, e imobilismo do governo em usar reservas externas, jogando-as para um enxurrada de financiamentos via Caixa Federal , os canais oficiais do conservadorismo e manipulação destroem a imagem de grandes empresas de construção ( que sempre foram o que são, corruptas desde o nascimento, mas isso não vinha ao caso,  em governos anteriores, desde Juscelino, passando pela ditadura até FHC e chegando em Lula-Dilma), até que ajudem destruir o atual sistema.
Ao não aceitar a delação premiada de uma famosa construtora, o MPF dá sinais, que a necessidade da destruição dessas grandes empresas, não se trata apenas de teoria da conspiração, vai além. Deseja-se a destruição das empresas, ou no mínimo seu enfraquecimento.
A Globo, imagem principal e divulgadora do golpe, não quer acabar com a corrupção, quer derrubar o governos e acabar com algumas empresas.  Não quer  prender banqueiros que ajudam na lavagem  do dinheiro e nem fechar bancos, que não constroem uma ponte, nem uma casa, mas dão suporte ao envio e lavagem do dinheiro da corrupção.

É preciso fechar as empresas que constroem o Brasil, e encarcerar seus executivos. Isso fica claro nos  documentos publicado recentemente por Wikileaks.

Não é uma novidade, foi  exatamente o que os EUA fez no oriente médio destruindo os países para depois reconstruí-los com suas empreiteiras. Ganhou na venda de armas e posteriormente na construção civil. Na impossibilidade de uma guerra na América Latina, promovem a destruição das instituições e quebras de empresas, bem como de todo sistema financeiro através da destruição da confiabilidade. Ai entre posteriormente o FMI e suas empreiteiras salvadoras, competentes e honestas...

Em  uma mensagem diplomática norte-americana, vazada pelo Wikileaks, há citações  sobre Sergio Moro, sobre o Judiciário brasileiro e a Polícia Federal.
No relato um seminário de cooperação, realizado em outubro de 2009, com a presença de membros seletos da PF, Judiciário, Ministério Público, e autoridades norte-americanas, no Rio de Janeiro.
E é essa   relação entre a nossa PF, MP, Judiciário, com os EUA, tem de ser melhor apurada.
O texto em inglês deixa transparecer que mecanismos de estado norte americanos, sob o pretexto do combate a corrupção, dá dicas e aulas  ao sistema judiciário brasileiro.

No seminário o Juiz Sergio Moro discuti os 15 problemas mais comuns que ele vê em casos de lavagem de dinheiro, nos tribunais brasileiros. Mas não os viu no caso BANESTADO.
Participantes brasileiros procuraram o RLA e o Legat durante a conferência para discutir como melhorar  no Brasil o sistema legal, especialmente na área do complexo investigações e processos financeiros, como uso de depoimentos ao vivo.


No relatório americano divulgado pelo Wikileaks cita-se a necessidade contínua para fornecer
treinamento prático para os juízes federais e estaduais brasileiras, promotores e a aplicação da lei em relação à ilícito financiamento e conduta criminosa. Tudo é claro, com a figura central do combate ao terrorismo.

“Projeto PONTES continuará a reunir EUA e aplicação da lei brasileira em locais diferentes, para construir nossas relações e intercâmbio de boas práticas. Para esforços de contraterrorismo, nós esperamos usar a abertura desta conferência providenciou para atingir força-tarefa financiamento ilícito treinamento em um grande centro urbano. End Comment.”





O link do bilhete no Wikileaks é este:


BRAZIL: ILLICIT FINANCE CONFERENCE USES THE "T" WORD, SUCCESSFULLY
Date:2009 October 30, 20:18 (Friday)     Canonical ID:09BRASILIA1282_a
Original Classification:UNCLASSIFIED,FOR OFFICIAL USE ONLY  Current Classification:UNCLASSIFIED,FOR OFFICIAL USE ONLY
Handling Restrictions-- Not Assigned --
Character Count:10274
Executive Order:-- Not Assigned --         Locator:TEXT ONLINE
TAGS:BR - Brazil | PGOV - Political Affairs--Government; Internal Governmental Affairs | PINR - Political Affairs--Intelligence | PREL - Political Affairs--External Political Relations | PTER - Political Affairs--Terrorists and Terrorism                Concepts:-- Not Assigned --
Enclosure:-- Not Assigned --      Type:TE - Telegram (cable)
Office Origin:-- N/A or Blank --
Office Action:-- N/A or Blank -- Archive Status:-- Not Assigned --
From:Brazil Brasilia         Markings:-- Not Assigned --

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quarta-feira, 23 de março de 2016

A corrupção não nasceu agora...



É uma velha ágil, envolvente e como os vampiros que sugam o sangue dos humanos é eterna.
Vejo os gritos histéricos de Paulistas na Paulista como se descobrissem hoje um fato novo, a corrupção.
Apenas eles são contra a corrupção, os outros são corruptos. Todos são corruptos. Canalhas, vagabundos, indignos.
São filhos e netos dos paulistas que em 64 saíram rezando pela moral e bom costumes. Rezando com uma igreja onde a corrupção nunca existiu. Aproposito, nem perseguição, nem violência, nem assassinatos em massa e nem roubos.
Seus pais e avós já gritavam em alto e bom tom, “fora comunistas”.  Que nunca existiram.
A vezes penso que “comunista” é como um santo, um deus, um ET, um ser etéreo. Alguns fascistas acreditam, mas como os deuses, nunca foram vistos.
É fácil de explicar, a classe média não busca direitos, mas a manutenção de privilégios conseguidos durante séculos. Mexer nesses privilégios, que segundo eles, embora não confessem, são direitos é coisa de “comunista”.
A palavra “comunista” explica tudo e se os comunistas forem eliminados os privilégios são mantidos.
Esses caras que legitimaram o golpe de 1964 são também filhos e netos dos que gritaram em 1930. São os paulistas da revolução, que não queriam Getúlio sem saber por que.  Eram manipulados pelos fazendeiros do interior, que acreditavam em prejuízos, com a prometida industrialização e fuga de mão de obra, o que tornaria o “trabalhador” mais caro. Getúlio foi o melhor para SP.
Ainda assim a população não aprendeu muito. Seus pais e avós mentiram, não falaram que erraram por terem sido manipulados. Netos e bisnetos seguem a sina.
Ai descobre a corrupção que não existia na ditadura. Não sabem o custo da ponte Rio-Niterói, não souberam que caiu o viaduto Paulo Frontein por corrupção, que levou a compra de materiais de segunda, não lembramos custos das usinas de Angra, compradas da Alemanha, já obsoletas. Não sabem que o Paraguai de Strossner não gastou 1 centavo na Itaipu. Não viram o que foi feito da Transamazônica, nem o genocídio de índios, não viram o Brasil vender territórios para a Ford e nem o Projeto Jari.

Rodoanel - Dinheiro do povo, com lucro terceirizado


O Brasil não viu a privataria, quando se falava que o monopólio estatal era prejudicial. Ai mais de 20 empresas de telefonia acabaram se transformando em 4, hoje temos telefone e internet mais caras do mundo. Os paulistas não viram a doação de mineradoras e nem presentes como estradas de ferro. Não viram os tucanos de quatro para a indústria farmacêutica internacional, quebrando a nacional. Não viram a filha do Serra ficar rica em uma semana, nem o genro do FHC, pois esses não são filhos do Lula.  Lula é o cara que saiu da senzala para a casa grande e acreditou que seria aceito sendo um “Silva” qualquer.
Os paulistas, que berram na Paulista são os mesmo que votam em Alckmin, o bom moço da Opus Dei, que piorou o ensino para tentar terceirizar, que bate em estudantes e professores e desvia verbas da merenda. Mas isso não vem ao caso, como diria o bom juiz Moro, o mesmo que não condenou nenhum tucano, nos bilhões de desvio do Banestado, escândalo genuinamente tucano. Isso não vem aos caso.
Os paulista que esperneiam na Paulista, são os que se orgulham de boas estradas, construídas também com o dinheiro deles, asmas caras do mundo, que depois de construídas são doadas para a exploração de amigos, que é claro, não repassam nenhum tostão de volta, nem financiam eleições.
Os paulistas que choram na Paulista são os que não andam no Rodoanel, a obra mais cara do Brasil, que conforme vai sendo entregue, também vai sendo explorada por grupos amigos e o paulista, que pagou para fazer, agora paga para usar. Mas ele acha certo.
Os paulistas que batem em camisas vermelhas na paulista não leram sobre a ação que aponta conluio de nove empresas, entre elas Siemens, CAF do Brasil, Bombardier e Alstom, em contratos de manutenção de 88 trens da CPTM, entre 2007 e 2012, nos governos tucanos de José Serra e Geraldo Alckmin.





Esses paulistas que emporcam a Paulista, não sabem que o Ministério Público de São Paulo pede a nulidade dos três procedimentos de licitação em questão; valor da restituição imposta anula praticamente a possibilidade de acordos, que estavam em negociação. Governos PSDB-DEM. Não é PT. O PT não está envolvido, mas para esses paulistas “isso não vem ao caso”.
Os paulistas que picham a Paulista não ouviram falar nada da CPI dos combustíveis de SP. Questão de lógica, pois foi tudo engavetado.  O relator foi Arnaldo Jardin e o presidente da Comissão Edmir Chedid.
O paulista que chama ciclista de comunista na Paulista, além de não estudar história não sabe do roubo das merendas. E nem vai saber, pois será tudo engavetado. Em São Paulo não tem investigação pública, tem sigilo decretado pelo Geraldinho Opus Dei por 25 anos, mas o paulista fala que ditadura é da Dilma. Só o paulista inteligente, é claro.
Assim como o paulista que suja a Paulista, nos também queremos o fim da corrupção, mas não seletivamente, não apenas na senzala, queremos que comece pela Casa Grande. É lá onde se encontram as privatarias, onde está o nó da história, onde Paulo Francis denuncia roubo na Petrobras e morre durante um processo contra ele.
Queremos assim o fim da corrupção, do roubo de merenda, das terceirizações na saúde, nos radares (grande negócio), da rodovias, das merendas e tudo o que essas e outras terceirizações rendem aos caixas dois e três dos governantes e legisladores.
Nos queremos sim que se investigue a Petrobras, mas que o Aécio após 7 denuncias seja ouvido como foi o Lula. Que o Moro explique porque nenhum tucano foi preso no escândalo Banestado.  Que o Sr. Gilmar explique porque mandou soltar Daniel Dantas, assassinos de madres e estupradores.

Nos sabemos que a corrupção não foi inventada nos últimos 14 anos. 

E quem recebe o caixa 2 dos pedágios em vias construídas com o dinheiro do povo? 

segunda-feira, 21 de março de 2016

Dias depois do GOLPE...





Uma fotografia do "impitimão"
1- O coveiro Temer assume
2- O vampiro Serra ganha o ministério da fazenda.
3- A divida da Globo é renegociada e ela se livra de parar o que deve. 
4- O PSDB entrega a cabeça de Aécio para se livrar dele no futuro (a Folha já começou as denuncias)
5- Serra começa a denunciar Alckmin e se livra da Opus Dei.
6- Cunha segue deputado e seu julgamento continua sendo adiado.
7- Renan prova que é um santo.
8- Moro pede a prisão de Lula
9- Lula se entrega no meio da multidão e diz que não quer derramamento de sangue. Vira mártir como todos condenados dessa maneira.
10- Moro diz que a operação Lava Jato chegou ao fim.
11- Aécio é processado, para que a Lava Jato seja autenticada.
12- Serra vende o pré-sal para a Chevron
13- Serra vende os correios para a Federal Express
14- Serra vende a Petrobras para Chevron, Exxon e Shell
15- Serra venda a Caixa Federal para o Bradesco.
16- Banco do Brasil é vendido para o Itaú.
17- Começam a comentar sobre o fim do SUS e as maravilhas da saúde privada.
18- O congresso vota o fim dos direitos trabalhistas
19- A Globo não mostra a crise e o país começa a morrer de fome.
20- Temer anuncia o fim do Bolsa Família e informa que ensinar a pescar é melhor que dar o peixe.
21- Igrejas evangélicas conseguem a obrigatoriedade do cristianismo nas escolas públicas.
22- Bolsonaro se torna Ministro de Direitos Humanos.
23- É liberada a criação de gados na totalidade da Amazônia.
24- O marido de Marina consegue autorização para comercializar as madeiras da selva.
25- Itaipu é vendida para um grupo norte-americano
26- A classe média empobrece
27- Lula morre de acidente de avião.
28- O Brasil sai dos Brics.
29 O governo torra 370 bilhões de reservas
30 FMI oferece um empréstimo com apoio de Trump.
31- Uruguai, Russia, China, Índia, Africa do Sul, Dinamarca, Suécia, não tem mais relações comerciais com o Brasil.
32- Serra é candidato a presidente, o PMDB indica Cunha de vice.
33- Ciro Gomes sofre acidente de avião.
34- A Globo muda a lei e compra a Band e Cultura.
35- Aprovada a censura na internet.
36- O salário minimo volta para 80 U$
37- Sobram empregadas domesticas e o salário médio é de 100 reais.
38- Acaba a política de cotas.
39- Governo acha inútil tantas faculdades, muitas serão fechadas.
40- Evangélicos tiram discriminação racial da lei.

41- Alexandre Frota é ministro da Cultura
42- A corrupção explode, mas é proibido denunciar
43- Moro é ministro da Justiça e afirma: Isso não vem ao caso.
44- Coxinhas aprendem história.
45- Agora é tarde...

domingo, 20 de março de 2016

Bragança: Eleições 2016 Quem decide é Zé de Lima.

A verdade é raquítica, subnutrida e feia
A mentira é bonita, envolvente e alegre.




Novamente as eleições de Bragança serão decididas por José De lima. Isso acontece desde 1968. 

(Veja matéria – Uma pequena história das eleições em Bragança   -  http://revistaverdadebrasil.blogspot.com.br/2015/02/uma-pequena-historia-das-eleicoes-em.html )

De um lado teremos o grupo Chedid, como acontece desde 1968. “Renovado” e reforçado pelos novos antigos nomes, de outro a possibilidade de uma candidatura, ou duas. Uma do próprio grupo que se alinha em torno de Lima, sem chance de triunfo, pois disputaria o eleitorado com Sartori. A outro acoplada ao nome de Sartori, que teria o PV e talvez Rita Valle como vice, ou Marcus Valle,  ou até Marcio Villaça, num grupo que seria independente de Limas e Chedids, porém sem grandes chances de vitória, não que ela não exista.
A análise de uma eleição no interior deve ser fria, não é ideológica é metodológica. Não é eleição de partidos, mas de grupos. No interior o fator vizinho, solidariedade, parente, valem mais que qualquer ideologia. Uma lombada é mais importante,que uma lei.
Sou obrigado a insistir, que essa não é uma análise ideológica. Não é uma análise de preferencias pessoais, não é qualitativa, mas quantitativa e no sentido histórico da preferencia popular. Ou seja, uma leitura do que vejo pelas ruas e do conhecimento histórico das eleições de 1968 para cá. Nas eleições do interior a verdade é raquítica, subnutrida, pobre e feia. A mentira é alegre, bonita, festiva e envolvente. Logo não me cobrem coerência ideológica numa leitura “atual” (tem 50 anos) das eleições locais. Essa incoerência não é minha, pois aqui PT e PSDB estiveram juntos em várias oportunidades. Em 1992 o PCB esteve com o PFL. Como o PDT já esteve com o DEM e Brizola revirou em seu túmulo.
O cenário que se apresenta é Jesus fortalecido pela propaganda diária do “ruim com ele, pior sem ele”. Um grupo com novos velhos conhecidos, um apelo popular grande e a figura do “grande pai” na proteção de seus filhos desamparados.  Um grupo, que segundo pesquisas parte de 25 mil votos e com mais 8 mil ganharia e caso de divisão. Tem próximo Frangini, que teve mais de 30 mil votos, numa campanha feita por Jesus em 2012, mas que só, não passaria de 4 mil votos. Teoricamente Frangini deixou o grupo, porém é sabido que está em legenda atrelada ao grupo, o PPS, nas mãos de um deputado da região, com muita ligação com Edmir. Logo pode ser uma candidatura para dividir a oposição aos Chedids, se necessário for, como somar de ultima hora. Vai depender da leitura das pesquisas. O importante é que o pai do grupo tem carisma, comanda com mãos de ferro dentro da morada, mas é a personificação da simpatia quando está nas ruas. No grupo ele e o filho Edmir são as únicas cabeças pensantes e a voz a se ouvir.
De outro lado, temos um grupo sendo capitaneado por José de Lima (foto). Um grupo que tem se reunido e tem seus candidatos. Candidatos que não chegam longe e podem dividir e dar a eleição a Jesus. Por isso, o título da matéria é “quem decide é Zé de Lima”.
Os candidatos naturais do grupo não tem lastro: Fabiana e João Solis são os mais citados. Tenho minhas dúvidas se João Solis se elege para vereador. Já Fabiana deve continuar sendo eleita com grande numero de votos. Na foto vemos um grupo de pré candidatos  a vereador e sem grandes apelos, além de Gustavo Sartori, convidado de ultima hora. Gustavo tem apoio, tem 4 partidos ao seu lado, vem de duas eleições com mais de 15 mil votos, deve ter o apoio do PV, pois é o mais próximo ao grupo, tanto por simpatia, como por qualidade de trabalho. Teria como sair candidato, independente de outros partidos, pois como dizem nas eleições, possui bala na agulha, tem apoio de um vice-governador e um grupo razoável.  Se no embate direto tem chances contra o DEM, na divisão de votos (Frangini + Candidato de Zé de Lima) joga as eleições no colo de Jesus. Mais uma vez o titulo da matéria.



A experiência mostra que as tentativas de união das oposições nunca deram certo. A divisão é o segredo da vitória dos velhos políticos. Em 2003 eu montei um grupo independente, com 8 partidos, que não teriam apoio de Jesus e nem de Jose´.  Na ultima reunião o PSDB fechou a questão em cima do nome de João Solis. O grupo acabou, pois sete partidos acabaram apoiando Lima e o PSDB saiu sozinho com o João Solis, pois entre os 8 partidos, só o PSDB de Aguirre, acreditava no tal João. Com as decisões jurídicas o mesmo acabou sendo eleito, era imponderável , mas devolvendo de certa forma, o poder nas mãos dos de sempre. João Solis destruiu 40 anos de luta para mudar de mãos o poder local. Jogou tudo no lixo. 
Se Lima entretanto resolve recolher seu grupo, lançar um grupo de vereadores e apoiar Sartori, o jogo se define contra os Chedids.  É a matemática da história; Chedids em eleições municipais chegam a 35% dos votos, ou seja, 65% estarão contra. Não havendo divisão a fatura está decidida.



Sartori é a bola da vez, pode ser o candidato contra os Chedids e com apoio do grupo de Lima vencer as eleições. Sartori pode simplesmente não ser candidato  independente de qualquer coisa, Jesus venceria as eleições sem qualquer esforço. Sartori poderia compor (teoricamente falando – Isso é só uma teoria) com Edmir e as eleições locais acabariam. Estariam definidas.
Não me venham com papo de adivinhações, ilusões etc. Essa matemática se repete desde 1968. É eleição municipal e não tem milagre.

O que esta em jogo não é o melhor para a cidade, mas o interesse de grupos.Esses interesses se dividem em dois grupos pré-determinados. Em breve citarei um por um, e seus interesses. Ainda não é hora. Mas já convivi com cada um, já presenciei de tudo e para desqualificar-me como “delator”, agora vão ter que inventar muito mais.  

sábado, 19 de março de 2016

Golpe: De direita, ou de direito?



Em 1964 o Gal. Mourão deu a ordem para sua tropa marchar para o Rio de Janeiro.  João Goulat tinha como conter os revoltosos e evitar o golpe de direita. Goulart não queria exercito lutando contra exercito, brasileiros, contra brasileiros. Não queria sujar suas mão de sangue e se resignou ao golpe.
Veio  primeiro de abril e a nação entrou no mais profundo abismo, com mortes, sangue, entreguismo, tortura, assassinatos, censura, e tudo o que Goulart poderia ter evitado, se não fosse tão honesto, tão humano, tão democrata.
O cenário que se vê 51 anos depois é o mesmo.
Um povo ainda mais ignorante marchando como baratas tontas, facções religiosas delapidando mentes e a economia dos incautos, recentemente aprovaram isenção de IPTU para imóveis alugados por igrejas,  a FIESP, que antes patrocinava a tortura, hoje patrocinando o golpe,  em virtude de uma possível CPMF, que mostraria o caminho do dinheiro.  Um congresso dominado por corruptos, onde o presidente da câmara recebeu cerca de meio bilhão para comprar seus pares. Os 10 milhões de dólares na Suíça são apenas o lucro de toda essa movimentação.  Tudo comprovado, mas a justiça não se move.
Aécio teve seu nome citado várias vezes na operação Lava Jato, e o juiz Moro só se interessa por Lula. Mas para Moro, que no processo do Banestado, não condenou um  único tucano, “isso não vem ao caso”, hoje que o sangue de Lula.
Não vem ao caso também o fato de  Norbert Muller abrir contas bancárias no LGT Bank, sediado no principado de Liechtenstein, para o tucano Aécio Neves. Nada disso, nem a grande movimentação de Cunha vem ao caso. Como o dinheiro enviado por FHC, via BRASIF para sua amante em Paris, a compra de uma apartamento para a família de lá, ou um grande apartamento dele em Paris, no lugar mais nobre, ou o outro em Nova Iorque, outro em Higienópolis, ou uma fazenda em Minas Gerais.
Em tudo o que vemos é a conivência da mídia comprada e a falência do judiciário. É claro, ainda temos alguns juízes sérios em muitas cidades, alguns desembargadores comprometidos com as leis e longe dos holofotes, alguns juízes treinados para resolver conflitos, não para cria-los, mas lá em cima, as leis estão sendo rasgadas, e como disse Lula em um dos grampos, “estão acovardados”, ou seria pressionados? E por quem?
Entre os golpistas está o Vice Presidente Michel Temer, o coveiro da Republica. Pronto para enterrar  a democracia, assumir e promover uma grande liquidação no Brasil. Temer, figura apagada dentro do PMDB, ganhou força com a morte de Quércia, mas continuaria na obscuridade se não fosse vice na chapa do PT.
E a justiça foi para as mãos de Gilmar Mendes, cujos veredictos costuma dar antes da defesa nos processos. Conhecido por sua fobia a Lula e proximidade com a direita, “Gilmar Mendes é o ministro que ganhou fama pelos dois HCs ultrassônicos para o banqueiro Daniel Dantas e um extra para outro taradão, o médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de cadeia por ter estuprado 37 mulheres.” Conforme denunciado pela revista Carta Capital.
Não quero me prolongar e lembrar a vida de Renan Calheiros na política, nem da privataria de FHC, ou do Trensalão e o roubo nas merendas do Alckmin, por sinal também ligado a uma facção religiosa, a Opus Dei. E nem das bancadas evangélicas. 



Hoje o que vemos são os “gritos contra a corrupção”, mas não a corrupção de todos, de todos os poderes e da imprensa.  O grito é contra a corrupção do PT. Antes que me chamem de petralha, não sou petista, nunca fui e deixaria de ser, não pelo governo federal, mas pelo que fizeram em minha cidade, Bragança Paulista, onde até a saúde foi privatizada.
A classe média está nas ruas e seus berros não são por honestidade geral e irrestrita, a classe média não luta por direitos, mas por privilégios. Querem de volta alguns “espelhinhos” perdidos no caminho. É uma classe hipócrita, desonesta em sua grande maioria, religiosa e normalmente ignorante.  A classe média quer o fim da corrupção do PT. Mas só do PT. 


A classe média não luta por direitos, mas por privilégios, nunca estará ao mesmo lado do povo.


Eles abraçam Cunhas, Bonsonaros, Maluf, Renans, Aécios e votam (os paulistas) em Alckmin.  Consideram ciclistas “comunistas” e tratam as empregadas como se fossem da família, desde que não saiam dos quartinhos dos fundos. Nas empresas, empregados são apenas o caminho para mais ganhos, quando puderem os substituem por maquinas.
Essa é a classe dominante, que faz barulho, assina a Veja e vê a Globo. Em qualquer parte do mundo, em qualquer revolução é a classe a ser vencida. Se reúnem em associações religiosas, entidades secretas, comandam o atraso cientifico, social e intelectual. 
Com todos esses fatores, o governo Dilma está fadado ao GOLPE.
Mas golpe tem dois lados, o Brasil de hoje não é o Brasil de 1964.
O golpe tento pode ser de direita, como de direitos. Os "coxinhas" não pensaram nisso. 
O de direita já é conhecido, todos viram, ou ouviram falar e estudaram os resultados de 1964.
O de direita é o da preservação do estado, não parece democrático, mas quando o congresso não funciona, quando a maior parte dos congressistas são citados, quando todos os partidos (raras exceções estão limpos, mas sem representatividade), quando a cúpula da justiça está comprometida com o retrocesso, quando a polícia federal (que não limpa nem a sujeira da casa, que libera contrabandos, que não consegue saber quem é o dono de 450kg de cocaína, etc.), se torna partidária, quando a Receita Federal promove o descumprimento das leis, quando o povo, mantido na ignorância (ai a culpa é de Lula, Dilma e FHC), pois os governos não usaram suas estruturas para gerar cultura e construir uma nação, mas para entreter o povo, e conservá-los ignorantes e dóceis, tudo leva a um vislumbrar de golpe por direitos.
É o fechar o congresso para reforma política e prisão de membros denunciados e já conhecidos. É exonerar grande parte da Receita e da PF. É tirar do Supremo as atribuições que não conseguem dar conta. A suprema corte constitucional é falível.  É cumprir a constituição e fazer do Brasil um estado laico, cobrar impostos das igrejas e afasta-los do convívio político.
Pode parecer que golpes são iguais, mas não são. O golpe de direitos vem para o cumprimento das leis. Não cria a censura, mas normatiza a mídia. E até hoje, a promessa do PT não foi cumprida.
Mas para que isso aconteça, DILMA tem que falar a verdade.
Tem que convocar uma rede de TVs, Internet, Rádios e falar quem são os ladrões. Um  por um quem exigiu vantagens para votar em cada lei. Quem exigiu cargos para cumprir suas obrigações. Quem levou quanto. Qual governador faz o que? O que tem pro trás da PF que ainda não pode ser mexida.
Dilma tem que ter mais do que vontade. A coragem  de mostrar tudo, inclusive que o sítio de Atibaia, foi comprado por Jacó Bittar, por 800 mil reais, que Lula não tinha dinheiro para comprar, que os amigos compraram para ele usar e ir pagando conforme consiga, que os amigos chamaram sim, um monte de gente conhecida, para fazer reformas, porque sabiam que seriam mais baratas, que Lula queria terminar seus dias ali, que os pedalinhos foram dados por tal pessoa,  é claro, se isso for verdade...



Mas acima de tudo, se um Gal. aparecer, não deixe que ele passe com o cavalo... Do outro jeito, o futuro será pior. Não teremos mais roubo na Petrobras, pois tudo será roubado numa única canetada. Não teremos mais incompetência nos Correios. Tudo será federal e expresso. Não teremos filas no SUS, tudo será privatizado e as mortes se darão antes das filas. 

E afinal, qual golpe teremos? 


Em tempo:
Um dos erros de Lula foi pensar que tinha sido aceito pela Casa Grande após sair da senzala. "
"Nada é pior do que a oligarquia brasileira, principalmente a paulista. É incrível, a oligarquia paulista não quer o progresso social de jeito nenhum"
Cláudio Lembo

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O general mineiro Olympio Mourão Filho (1900-1972), membro da Ação Integralista Brasileira, participou ativamente de dois importantes episódios da história do Brasil. Primeiro, foi o autor do Plano Cohen, estudo atribuído aos comunistas sobre como se daria, hipoteticamente, a dominação comunista no país em 1937. Tratado como autêntico pelo governo, a falcatrua serviu como justificativa para um golpe de Estado, por meio do qual Getulio Vargas promulgou uma nova Constituição e criou o Estado Novo. Anos depois, em 31 de março de 1964, foi Mourão quem deu início à insurreição militar que depôs o presidente João Goulart, ao ordenar que suas tropas, em Juiz de Fora (MG), marchassem em direção ao Rio de Janeiro.

A história não terminou

A história não terminou

Postado em mar 19, 2016 em Não deixe de ler
“A corrupção não se combate corrompendo a Constituição”
André Augusto Bezerra, presidente da Associação dos juízes para a Democracia

A operação golpista está em marcha e, agora, fortalecida pelo apoio de extratos mais ricos da população, promovido e exposto pelos grandes meios de comunicação, a televisão à frente de todos. Está mais clara e mais explícita a opção protofascista, que se expressa na negação da política, dos políticos, dos partidos, da via democrática, enfim. Coroando o festival de aberrações, essa opção se faz ainda mais clara na recuperação do discurso autoritário e, consequência, rescaldo seu, na opção pela intolerância que logo transmuda para violência física covarde que muito nos lembra os pogroms dos camisas pretas (coincidentemente ou não, um símbolo que ressurge) da infância do hitlerismo e muito comum em todas as hipóteses de fascismo.
Nas ruas, sobre a crítica à politica econômica (afinal, não estamos sob recessão em face de uma onda de desempregos?) destacou-se o discurso moralista e punitivo ao lado de aplausos às mais grotescas representações do atraso. Fundem-se a espetacularização das operações da Lava Jato com a campanha generalizada contra os políticos — que, resumidamente e simplificadamente, ‘representam tudo o que de mal está aí’. Destaca-se, em contrapartida, a louvação ao “juiz-investigador-promotor-superestar”, o que por um lado reforça o apreço por uma solução “extra-política”, até mágica, para o que seria o principal problema do país (a corrupção), e por outro põe de manifesto uma disputa, por parte da direita, pela narrativa da “Lava Jato”: ela deve ser entendida, segundo ela direita, fundamentalmente, como um expurgo do PT e da esquerda (aqui reduzidos a representantes da política e dos partidos, abjurados), e não como uma necessária ação de combate à corrupção, doa a quem doer. Daí as denúncias seletivas, os processos seletivos, as delações seletivas, os grampos seletivos, os vazamentos seletivos. O resultado é quase sempre o vazio político e como política e vazio são categorias antípodas, esse vazio é logo preenchido, como se vê na História. Recentemente a Itália das ‘Mãos limpas’ herdou Berlusconi e nós mesmos, como fruto da campanha contra os marajás, tão bem levada a cabo pelo sistema Globo, tivemos que conviver, sem merecê-la, com a experiência Collor. Em função do desdobrar da crise podemos, ao final da linha, já proximamente ou em 2018, enfrentar a possibilidade de eleição de um out sider que poderá chamar-se Moro.
A tragédia brasileira caminha sob o silêncio respeitoso de liberais e democratas que amanhã, se o passado se antepuser ao futuro, amargarão o erro da omissão, como os que choraram em 1964 as picadas da serpente que haviam irresponsavelmente cevado. Inebriados pelo moralismo lacerdista e pela unanimidade da imprensa de então, os liberais terminaram, pensando estar defendendo a legalidade constitucional supostamente ‘ameaçada pelas reformas de base propostas por Jango’, quando de fato estavam abraçando um golpe de Estado cujo primeiro ato foi a revogação da própria Constituição e a implantação de uma ditadura que nos atazanaria por longos 20 anos. E para não fugir à regra, devorando seus principais arautos.
Trata-se, o que estamos a ver e lamentar, hoje, de ação consabidamente concertada, com inequívocos apoios externos, assim como se viu nas revoluções coloridas e na primavera árabe, que reúne meios de comunicação de massa liderados pelo sistema Globo, de vasta experiência golpista, setores protofascistas da direita parlamentar, e as corporações dissidentes da alta burocracia estatal, setores do Ministério Público federal, Ministério Público paulista, polícia federal e o Poder Judiciário, representado por um juiz de primeira instância titular da 13ª vara federal do município de Curitiba, que exerce, com apoio de instâncias superiores e aplausos corporativos, inédita jurisdição nacional.
Por sinal, o mais recente ato desse juiz é peça essencialmente política, produzida exatamente para interferir na política, agravando a crise, crise que é buscadamente agravada, por ele e seus acólitos, a cada dia, exatamente para destruir a política, implantar o caos que traz consigo o apelo à Ordem, que é, sempre, o pretexto para a derruição da democracia. É, desta feita, o golpe de Estado de novo tipo, em franca vigência em nosso país, pois já vivemos sob as penas do direito da exceção, quando a lei cede seu império à materialização do Estado de fato que substitui o Estado de direito democrático. Se a ação não matou a filosofia, como anunciou Mussolini, o direito de exceção aqui criou o estado de fato, gerido por fora das instâncias constituídas pela soberania popular, as únicas legítimas na democracia representativa e em qualquer modelo de direito democrático.
No curso de uma história de grampos telefônicos não suficientemente explicada, o juiz Moro decide, no exato momento do anúncio da nomeação do ex-presidente Lula para a chefia da Casa Civil da presidência da República, tornar públicas interceptações e diálogos telefônicos obtidas mediante discutível legalidade, ignorando, que, por lei, o seu conteúdo deve ser mantido sob sigilo. Informado, tempestivamente, de que a interceptação gravara diálogo do ex-presidente com a presidente Dilma, e gravara após o próprio juiz haver mandado interromper a escuta, o juiz, sendo magistrado e não parte, deveria enviar a peça ao STF, mas o que fez foi entregar a gravação para a rede de televisão de que se fez colaborador fático. Essa divulgação é por si só um ato politico e não jurídico (como políticos são os ‘votos’ e Gilmar Mendes no STF) de claros objetivos políticos, perseguidos com evidente abuso de autoridade. Para atender a seus ímpetos facciosos ignorou a disposição legal que manda que “A gravação que não interessar à prova será inutilizada”. Ora quase toda a gravação era irrelevante para o feito, mas foram trazidas a público para criar dificuldades pessoais a Lula, tentando indispô-lo com políticos e autoridades judiciais.
Fruto do abuso de direito, o ato do juiz-investigador despido da toga de magistrado-julgador é ato político, pelo fato em si, pelo conteúdo e pela oportunidade escolhida. Como que imbuído de paixão messiânica, o juiz de primeira instância Sérgio Moro rasgou a fantasia e assumiu, sem disfarces, o duvidoso papel de salvador da pátria. Serve, hoje (muito embora o lamente publicamente), ao ódio e à intolerância que explodem nas ruas, pelos quais não se sente responsável, como não se sente responsável pelos seus atos, cujas consequências politicas, econômicas, sociais não mede.
E não está só. Outro juiz federal que, diante da omissão conivente do Conselho Federal da Magistratura faz de sua presença no facebookuma tribuna partidária antigoverno, concede liminar em mandado de segurança que visava a impedir a posse de Lula na Casa Civil.
O discurso da direita foi ampliado, não se limitando à rejeição à presidente Dilma e ao PT. Os últimos protestos e os atos praticados por agentes do Judiciário atingiram igualmente a imagem de Lula.
Por que a ofensiva contra Lula?
Com Lula no governo, o poder que parecia vazio revelar-se-ia ocupado; o governo que parecia sem rumo passaria a ter um timoneiro e a política sem estratégia passaria a dispor de um articulador trazendo à sociedade a sensação de segurança. Foi tudo isso que o juiz curitibano – gora com a colaboração de seu colega brasilense– intentou impedir
Por que a ofensiva contra Lula?
Porque ele é, hoje, a principal liderança de que dispõem as forças populares a) para a reaglutinação das esquerdas e b) para uma possível disputa eleitoral, como consequência seja de eventual cassação dos mandatos de Dilma e Temer, seja para as eleições de 2018. É inimigo que precisa ser abatido.
Esse quadro reforça o que tenho dito com insistência: o projeto em curso não se limitará à eventual deposição de Dilma, pois, trata-se, através de golpe de Estado de novo tipo, da captura do Estado, sem voto, para implantar um governo politicamente autoritário, socialmente regressivo e economicamente neoliberal-ortodoxo, pró-EUA, com as consequências que não precisam ser explicitadas.
Enganam-se os que veem nesse concerto de episódios uma só tentativa de surrupiar o mandato legítimo da presidente da República. Insisto: há um golpe de implantação em marcha, cujo objetivo vai além da anunciada troca de guarda: pretende mudar o eixo da economia e da política, completando o processo de privatização das grandes agências estatais como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica. Amesquinhará o papel desenvolvimentista do BNDES e fatiará a Petrobrás para que seja entregue aos grupos multinacionais, na bacia das almas. Em qualquer hipótese deixará ela de desempenhar o atual e essencial papel de âncora do desenvolvimento industrial brasileiro. A independência do Banco Central garantirá segurança absoluta ao capital financeiro, e o sangramento do povo, com juros extorsivos. O novo eixo trará consigo o abandono do Mercosul e de iniciativas correlatas e nossa submissão a qualquer alternativa do tipo ALCA e sepultará os BRICS. Na política externa renunciaremos a qualquer papel de liderança e retornaremos aos tempos de FHC de alinhamento automático aos interesses estratégicos dos EUA. Renunciaremos a qualquer tipo de soberania, mas especialmente renunciaremos a qualquer forma de programa nuclear e aeroespacial. O Estado, livre da emergência das massas, renunciará a quaisquer políticas de compensação social e levará a extremos a flexibilização das relações de trabalho.
O neoliberalismo, por necessidade de sua lógica, implicará a acentuação da recessão associada a juros altos, donde a queda maior do PIB e o aumento do desemprego, os ingredientes perfeitos da crise social, que demandará a repressão aos movimentos sindicais e populares, pois que reagirão a essa política.
O que está em jogo é uma visão de mundo, o que está em disputa é, de um lado, a defesa de um estado desenvolvimentista, social e democrático, com inserção soberana em um mundo que quer ser multipolar, e de outro o estado neoliberal necessariamente autoritário, antipopular e antinacional, submetido ao jugo dos nossos irmãos do Norte.
A história terminou? Por óbvio que não, a não ser que tenhamos renunciado ao combate. Afinal, como dizem os espanhóis, nuca está morto que peleja.
Roberto Amaral
O livro A serpente sem casca ( da ‘crise’ à Frente Popular) pode ser adquirido através do site da editora Contraponto clicando aqui.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Destruir o Brasil, para o “Brasiu” destruir o BRICS e salvar o BRAZIL




A sigla (originalmente "BRIC") foi cunhada por Jim O'Neill em um estudo de 2001 intitulado "Building Better Global Economic BRIC, amplamente usada como um símbolo da mudança no poder econômico global, distanciando-se das economias  do G7 em relação ao mundo em desenvolvimento.
BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul juntos formam um grupo político de cooperação,  apesar de não serem ainda uma associação de comércio formal, como no caso da União Europeia,   existe uma "aliança" formal  que  converte  seu crescente poder econômico em uma maior influência geopolítica.
Vladimir Putin é a força motriz por trás desses países e o maior entusiasta da  cooperação  dos membros do grupo

Banco de Desenvolvimento do Brics, recém criado é uma instituição concebida como alternativa desses países ao FMI e ai começam os problemas com os atuais donos do mundo, cuja moeda reinante é o dólar, cuja valorização e emissão está nas mãos dos 3 principais banqueiros internacionais, que há mais de 1 século coordenam toda economia do planeta.



Essa é a chave das grandes discussões. Os cinco países juntos possuem um vasto território espalhado em quatro continentes. São responsáveis por grande parte dos alimentos, da água, a energia (petróleo, xisto, sol), dos ativos reais (ouro, pedras), dos minérios, da massa trabalhadora e consumidora.  Imaginar isso tudo longe da dependência de Bancos Ingleses, do FMI, da Federal Reserva  pode causar um grande prejuízo e até mesmo um colapso no sistema, acostumado a ditar regras, escravizar população e organizar guerras.
O BRICS somam 41,4% da população mundial e mais de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta. Alguém percebe o que isso significa?  Acho que sim, os donos do mundo, os brasileiros não possuem a menor ideia. Nem a maior parte dos políticos e muito menos o povo.

Enquanto os dois principais órgãos financeiros internacionais, o BM e o FMI, nasceram após os acordos da conferência de Bretton Woods, em New Hampshire (EUA), no ano de 1944, o Banco dos BRICS tratam de dar seus primeiros passos compartilhando  entre os fundadores, a responsabilidade da nova entidade financeira mundial desde 2015.



Embora a concepção dos BRICS seja do final do governo FHC, o mesmo nunca se interessou pelo grupo, mesmo porque nessa época o Brasil se mantinha como aliado e submisso ao sistema financeiro internacional, principalmente aos EUA, de quem FHC era um mero lacaio. Se tronou em alguns casos piada internacional, principalmente quando entrevistado pela imprensa internacional, ou quando repreendido publicamente por Bill Clinton.

A própria política de privatizações, apelidada de privataria, pois não gerou lucros ao país e ainda criou monopólios privados, foram a maior demonstração de subserviência a economia dos países ricos.

Hoje o chamado primeiro mundo tem como prioridade minar o desenvolvimento do agrupamento Brics, onde o caminha mais fácil e rápido é a implosão do governo brasileiro e sua substituição por grupos amigos, como tucanos e demos, acostumados a subserviência e ao entreguismo , a preço de bananas, desde a era da ditadura.

Assim insuflar a população considerada ignorante, através de meios de comunicação e com financiamento a organizações fascistas, via CIA é mais barato que guerras e invasões.  Com uma oposição corrupta e barata o investimento é ridículo.




Após tirar o Brasil dos BRICS (enfraquecendo o grande inimigo Rússia) o próximo passo é o domínio da energia. Tucanos como Serra jogariam todas as cartas para entregar de bandeja a Petrobras, já teria até um grande cliente, a Chevron, enquanto juízes como Moro, são mais simpáticos a holandesa Standart Oil. Os amigos da Exxon, contam com apoio sempre providencial dos Morgan.  Ao contrario do que muitos acreditam,  Rússia e China não estão dentro da Ordem Mundial.
Ai entra o Impeachment de Dilma, sempre bem vindo, quando os substitutos, de antemão vendem até a mãe. Quanto ao povo, nenhuma preocupação, hoje são usados como massa de manobra e vão aplaudir todas as vendas em troca de bananas, ou espelhinhos.
O mercado se ajeita em pouco tempo e as redes de televisões se incumbem de criar um cenário positivo, de novelas, com final feliz. Não para o país, mas o povo não sabe disso e nunca vai saber. Foi assim com Getúlio, foi assim com João Goulart.

O Brasil na era atual saiu do lixo do FMI e encontrou um novo nicho. Se progredirá, ou se tornar-se-á  outro lixo, só o tempo dirá, desde que não abortem a ideia. 

domingo, 13 de março de 2016

Quando a vergonha alheia provoca vômitos




Nessa manifestação pró  golpe eu não fui conferir o desfile de ignorância declarada, na Av. Paulista em São Paulo, fiquei em Bragança Paulista, minha cidade, terra de Barões do Café, que cresceram graças ao trabalho escravo, mas quebraram ao ter que pagar imigrantes, ou devido aos gastos de seus herdeiros, nas noites de São Paulo, Rio e Paris. Hoje carregam apenas o nome nobre e a hipocrisia real.
Esses são os bisnetos do barões, que se manifestaram no mesmo local, no final do século XIX contra a republica, recém implantada. São os mesmos que mandaram para a Guerra do Paraguai, 5 escravos no lugar de cada filho nobre.
O bom de se estar no interior é que conhecemos todos. Principalmente numa manifestação do  centro, onde só tinha gente da zona sul. Se fossem da zona norte eu jamais saberia quem é quem. Confesso minha falta de conhecimento sobre esses novos habitantes da terra.
Cheguei antes das 16h, de cara vi um conhecido, que no início dos anos 80 esteve envolvido com assalto a lojas. Ele conversava com um importante herdeiro libanês, que vive do aluguel de casas na zona norte, que provavelmente se sente prejudicado com o tal do Minha Casa, Minha Vida, esses pobres estão pagando menos pela casa própria do que pagavam pelos seus alugueis. Isso é terrível!
Fiquei parado observando e vi chegar dois agiotas conhecidos. Foram direto conversar com um político também conhecido, já envolvido em crimes religiosos e denunciado na Câmara Municipal, em alto e bom tom, com provas por corrupção. Que ninguém levou a sério. Homem honesto de família e devoto a deus, acima de tudo.  Eles são contra  corrupção, por isso protestavam.
Com a bandeira enrolada na bunda, a direita pode, uma senhora muito elegante, criticava a alta do dólar. Sabe como é né! Ela vende dólar  e com o dólar alto, os amigos empresários deixam de fazer dele o principal ativo para o caixa dois. É uma merda! Desse jeito vão ter que por em banco e pagar impostos, ou até cometer o absurdo de declarar no imposto de Renda. Eles são contra essa corrupção maldita.
Um outro empresário, cujos negócios giram em torno de turismo, também  bradava seu descontentamento, caiu pela metade o numero de crianças burguesas que vão para a Disney.  Ele é contra esse governo corrupto.
Também vi um contrabandista, que tem negócios com a receita federal. Estava muito aborrecido, principalmente com o preço do dólar. Temos que derrubar essa gente e vender logo a Petrobras, dizia ele.
Vi muita gente, que há muito não via. Até o “viadinho escroto” que agenciava meninas para programas com empresários estava lá e é claro indignado. Esse negócio de Bolsa Família e pobre na escola tira a matéria prima do negócio. Cruzes é uma merda! Dizia ele...
E ai começaram a chegar os candidatos e os pré candidatos. Um deles vindo do PFL, DEM, antiga ARENA, o partido com mais prefeitos cassados no Brasil. Sujeito cuja família já esteve envolvida em escândalos na educação. Que já apoiou gente cujos escândalos são conhecidos nacionalmente.  Agora ele também é contra a corrupção.
Tinha ainda um ex-secretario de cultura, que não conseguiria definir a palavra “cultura” nem com o Google nas mãos. Homem que usou o dinheiro de uma secretaria para conhecer a Europa e cujo ninho era dos remanescentes da antiga Arena.  Também é contra a corrupção e a favor do golpe. É claro!
No meio da muvuca  um professor me disse que estava trazendo seus alunos para aprender cidadania (?). Com o golpe?
Reunidos próximo ao Hotel  4 ou 5 maçons, eles não poderiam faltar. Estiveram presentes no golpe contra Getúlio, no Golpe de 64, apoiaram as torturas e as vendas de estatais e hoje estão vivos e ativos.  É quando eu sinto mais vergonha alheia.
Chegando de mansinho um empresário que em 90 foi processado por desmatamento no Acre. É claro, gritando contra os corruptos.
Uns gritinhos histéricos, não históricos, pois história eles não estudaram, ecoavam com aplausos: “fora governo comunista”. Fiquei pensando em ir até lá e perguntar onde tem um governo comunista, pois quero ir para lá.  O bom senso me impediu.
Será que eles acham que comunista é um governo que teve Meireles, onde bancos privados ganham cada vez mais e a Fiesp continua promovendo golpes as custas de isenção de IPI e sonegação? O que será que significa comunista para essa gente intelectualmente bem dotada?
Queria ficar mais um pouco, mas comecei a sentir vontade de vomitar. Principalmente quando um ladrão conhecido chegou com sua família, todos de camisa da seleção, pois a CBF é um  oásis de honestidade e já foram gritando : “fora ladrões” .  Ai foi demais.
Ao sair ainda notei que muitos chegavam com seus cachorrinhos de raça, muito bem tratados, melhor que qualquer criança abandonada... São todos cristãos.
A festa estava boa para vendedores de bandeiras e de fitinhas. Já os pedintes, que costumam frequentar o local reclamavam. Essa gente ai não dá nada pra ninguém, se a gente não tomar cuidado, eles tiram...
Quando dei a partida no meu carro percebi que alguém espera a vaga. Era um pastor, que chegou por aqui há uns 15 anos e já tem várias franquias de sua igreja espalhadas pela periferia. Tirei logo meu Clio 2010, para que ele pudesse estacionar uma SUV da Mercedes.
Enfim o Brasiu, que quer deixar de ser Brasil, para se transformar em BRAZIL.


PS – Não foi possível fazer uma penelaço porque as empregadas que restaram estão cada vez mais indolentes e se recusaram a acompanhar seus patrões. Imaginem que tinha mães cuidando de seus próprios filhos. 
       No meio a tudo isso tinha gente. Poucos, mas existiam, alguns não sabiam porque estavam ali, outros tinham medo dos comunistas...É...











sexta-feira, 4 de março de 2016

O impeachment de Lula

O impeachment de Lula

Fragilizados o governo e as estruturas partidárias de esquerda, o ex-presidente Lula se afigura como o último obstáculo

“Quando se me impõe a solução de um caso jurídico ou moral, não me detenho em sondar a direção das correntes que me cercam: volto-me para dentro de mim mesmo e dou livremente a minha opinião, agrade ou desagrade a minorias ou maiorias”.

Lula e Dilma em comício no Recife, em 2014: sua única alternativa é a ida às ruas
Estas palavras são de Rui Barbosa, em carta dirigida a Evaristo de Morais, o grande advogado, incitando-o a assumir a defesa de José Mendes Tavares, réu previamente condenado pelo que então se chamava de ‘opinião pública’. Trata-se, como se vê, de lição extremamente atual, quando o STF de nossos dias assume a responsabilidade de violar a Constituição brasileira sob a alegativa de estar atendendo ao ‘clamor das ruas’.
Refiro-me à decisão de liberar a execução da pena de prisão após condenação confirmada em segundo grau, ao arrepio do ditado claro da Constituição (Art. 5º, LVII): “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
Legalizando a prisão antes de definitivamente estabelecida a culpabilidade do acusado, o STF torna-se agente de um direito criminal promotorial, penalista, punitivista, reacionário, atrasado.
Caminhando na contramão da moderna criminologia, torna-se caudatário do conservadorismo e se faz instrumento do processo em curso de regressão política que visa à construção de um Estado autoritário, promovido ideologicamente pela grande imprensa.
Só o direito do arbítrio, o direito da força que anula a força do direito, pode autorizar, como acaba de fazer o STF, a execução da pena cerceadora de liberdade enquanto ainda se duvida se o acusado é culpado ou inocente.
A prisão, nessas circunstâncias, deixa de ser o ato final de um processo condenatório para transformar-se no momento inaugural das investigações, que se abrem não para apurar fatos e responsabilidades, mas para provar a culpabilidade do acusado escolhido para ser condenado.
Nesse contexto, a ‘delação premiada’ é instrumento de barganha que a autoridade investigadora manipula a fim de obter do acusado preso não necessariamente a apuração de possível crime, mas a revelação selecionada de acusações contra quem a investigação quer condenar.
Alegar, como justificativa dessa agressão jurídica, a audiência das ruas, é, no mínimo, um escárnio.
Nas ruas de Berlim sob o nazismo multidões ensandecidas julgavam e puniam seus adversários. Turbas envenenadas pela propaganda estimulavam a perseguição aos dissidentes, condenados aos campos de concentração, independentemente de culpa, mas simplesmente por serem judeus, comunistas ou homossexuais.
No vestibular da Guerra Fria o macarthismo, sem precisar refazer a Constituição ou as leis, instalou nos EUA a perseguição política e o terror, em nome de um nacionalismo xenófobo e de um anticomunismo de indústria.
Aqui, a implantação da última ditadura, em 1964, foi precedida de maciça mobilização da opinião pública, levada a cabo pela imprensa, animadora das marchas ‘com Deus pela liberdade’.
Esse especioso ‘clamor das ruas’ é o outro lado do discurso único de uma imprensa monopolizada, unificada pelo ódio, pela vindita e pelo projeto comum de poder, aquele poder reiteradamente negado às forças conservadoras pelo processo eleitoral.
É essa imprensa, poderosíssima, que escolhe as vítimas e seus protegidos, que elege os inimigos públicos escolhendo-os entre seus adversários de classe, elege os réus e os julgadores e aos julgadores dita as penas a serem aplicadas, independentemente do aparato normativo, porque na sua aplicação é sempre possível torcer e distorcer a lei, ou criar doutrina nova, como a teoria do domínio do fato, ou refazer-se a jurisprudência, segundo o víeis de maiorias ocasionais.
Essa coalizão de direita dirige a política, dita a pauta do governo em minoria legislativa e popular para o que tem sido decisiva a oposição midiática. Essa coalizão dita o discurso oposicionista que impõe ao governo o receituário do neoliberalismo.
Essa coalizão comanda a privatização e a desnacionalização, põe de joelhos um Congresso que tem em Renan Calheiros e Eduardo Cunha, seus líderes, o melhor indicador de sua decadência e de seu descompromisso com a sociedade, a ética e o País.
De costas para os interesses das grandes massas, cuja emergência política tira-lhe o sono, a classe dominante, despida da legitimidade da soberania popular, impõe seus interesses sobre os interesses da nação e do País.
A cantilena reacionária dos meios de comunicação é um de seus instrumentos de dominação, o mais eficaz quando se trata da luta ideológica. Foi assim no enfrentamento ao governo Vargas, foi assim na campanha contra Jango e o pleito das reformas de base, foi assim contra Lula e é assim contra Dilma. Foi assim e pelos mesmos motivos a destruição de Leonel Brizola, empreendida pelo sistema Globo.
O projeto de hoje é a institucionalização da exceção jurídico-política dentro da ordem formalmente democrática. Estamos nas primícias de uma inflexão autoritária declarada contra os interesses populares e a soberania nacional.
Daí a necessidade de destruir as organizações populares de esquerda e seus ícones, se possível desmoralizando-os moralmente diante da sociedade que sempre os respaldou.
Daí o concerto de ações. Para levar a classe-média a defender os interesses das elites, a estratégia política é a de sempre: jogar as lideranças de esquerda na vala comum da corrupção onde o capitalismo se banqueteou e se banqueteia.
Eis por que, a serviço desse poder sem peias, sem limites éticos ou legais, as estruturas estatais – os órgãos de investigação, a polícia, os ministérios públicos, as instâncias judiciais, os juízes de primeira instância e os tribunais superiores, a receita federal etc. – têm, hoje, uma só missão: provar que Luiz Inácio Lula da Silva é um político corrupto.
A desconstrução do líder popular integra o projeto que compreende a deposição da presidente, a destruição do PT e, a partir dela, a destruição e desmoralização das esquerdas brasileiras.
Assim estará aberto o caminho para a tomada do poder pela direita, pelo conservadorismo, pelo atraso, pelo fundamentalismo político, revogando ou reduzindo as conquistas sociais e derruindo a soberania nacional com a retomada do entreguismo e da onda das privatizações a serviço da desnacionalização: já agora, ante a passividade de um governo fragilizado, os mais lucrativos ativos da Petrobras (entre eles poços em atividade) são vendidos na bacia das almas e o Senado intenta doar o pré-sal – promessa de nosso desenvolvimento autônomo – às grandes petroleiras multinacionais.
A mudança política desta feita é operada sem golpe de Estado clássico, sem apelo às armas, sem nova ordem constitucional, sem novos atos institucionais. Ao contrário, efetiva-se sob o império da mesma Constituição (mas reinterpretando-a), com o mesmo direito (mas reinventando-o) mediante ‘interpretações criadoras’ como o ‘domínio do fato’.
O Brasil é, presentemente, um experimento de tomada do poder por dentro do poder, uma tomada do governo por dentro do governo, sem apelo à violência, sem ruptura constitucional, respeitada a legalidade (reinterpretada) e dentro de seus limites formais.
Esta operação depende diretamente da fragilização da presidente Dilma, e conta com seu recuo politico. As seguidas tentativas de impeachment e a resistência do Congresso à sua política servem a esse propósito. Mas não é tudo. A direita pensa longe. Ela vislumbra 2018 e alimenta esperanças de sucesso eleitoral. Trata-se, agora, já, de inviabilizar o eventual retorno do ‘sapo barbudo’.
Fragilizado o governo, fragilizadas as estruturas partidárias de esquerda, o ex-presidente Lula se afigura como o último obstáculo a esse projeto. Precisa, pois, ser removido do caminho. Por isso mesmo foi condenado pelo tribunal de exceção da grande imprensa.
Por isso, sua vida está sendo violentamente invadida, exposta, num processo de humilhação a que nenhum outro homem público foi submetido até hoje. Se afinal nada for comprovado, nenhum problema, pois a pena previamente ditada já terá sido aplicada, mediante a execração pública a que está sendo submetido o ex-presidente.
Esta operação, em curso, conta com o recuo, via intimidação, do ex-presidente. Está, pois, em suas mãos o que fazer, e só lhe resta a mobilização das massas. O Lula acuado é presa dócil. Nas ruas é promessa de luta, resistência e avanço. Foi assim que em 2005 transformou uma cassação iminente na consagração eleitoral de 2006.
A escolha agora é dele: sucumbir sem glória, ou encarnar a resistência à destruição da proposta de fazer do Brasil uma nação soberana, desenvolvida e socialmente inclusiva.
Roberto Amaral
O livro A serpente sem casca ( da ‘crise’ à Frente Popular) pode ser adquirido através do site da editora Contraponto clicando aqui.
Roberto Amaral é escritor e ex-ministro de Ciência e Tecnologia