Acreditar em conhecimento político macro, sem conhecer a divisão de poder nas províncias é mera ilusão. Macro é o coletivo de muitos micros. Ou micros são as formadoras do grande poder.
Como explicar isso?
É difícil teorizar, o que na pratica, foi sendo construído há séculos, mas só nos últimos 6, ou 7 anos começou a se transformar numa nova geografia do poder.
É a divisão do país em feudos. Senhores feudais promovidos a donos de regiões, onde elegem seus marionetes e comandam os serviços, compras, concessões, empreendimentos, e desenvolvimento necessário para iludir o povo.
A tradução desse esquema não é muito fácil, seria necessário investigar para poder provar, mas acredito que antes de uma investigação, os investigadores serão aniquilados.
Tudo está relacionado à manutenção do poder. Para se ter um grande poder federal, forma-se a teia do pequeno poder.
Essa teia é formada por prefeitos, vereadores e alguns juristas, que dão sustentação a um grande volume de negócios. Todos ganham e se divertem nessa esfera do “micro”, mas o grande numerário vai para o senhor feudal, que repassa parte de seus lucros, ao macro, ou seja, a manutenção do grande poder.
Nenhum prefeito é eleito por sua qualidade política, ou sua capacidade administrativa, mas por fazer parte e compactuar com os esquemas regionais, sem a possibilidade de traição, ou revolta. Isso não impede que o eleito possa ser o melhor daquele pleito, naquela localidade, o que é raro. Em outras palavras, acabaram as eleições românticas, o bom moço, bem intencionado, ou honesto, perdeu lugar para o funcionário dedicado ao esquema. A Máfia só promove aqueles que mostram serviços. E o estereotipo bom sujeito não se encaixa no perfil das grandes organizações.
Todo esse desmanche na eleição do “sujeito politico”, substituído pelo gestor de negócios, tem seu inicio na ditadura militar e vem se aprimorando até hoje, tendo a terceirização de serviços, como a grande responsável.
A terceirização tira poder e dinheiro dos municípios e estados, transferindo para um determinada empresa e retornando, não para o povo, mas para um grupo, pois os contratos visam esse retorno.
Para que isso acontecesse era necessário deteriorar a maquina estatal, o que foi feito com maestria e apoio popular. Primeiro promove-se a deterioração da empresa, depois a substituição pelo que seria a solução.
Essa substituição que se inicia na ditadura, com transportes, por exemplo, vem se ampliando, passa por comunicações e tende a chegar na saúde.
Só para exemplificar citamos a CMTC, da capital paulista. Durante anos a empresa serviu a população com um certa qualidade. A partir de uma certa data, ela propositalmente começa a dar prejuízo e mostrar a queda de qualidade dos serviços. Em substituição novas empresas são colocadas, com o discurso de melhor prestação de serviços para a população.
Na verdade a melhoria é pequena e passageira, mas a empresa rende aos seus proprietários e aos promotores do contrato. Rende de maneira que se torna impossível apontar a corrupção implícita.
Esse procedimento passa rapidamente para outras áreas. Extinção de estradas de ferro, apoio a indústria automobilística, estimulo aos transportes por estradas, deterioração das estradas, para novas reformas e terceirização de pedágios, indústria de sinalização, privatização das multas, enfim, uma rede infinita de lucros privados, em substituição ao estado, com devoluções milagrosas.
Assim também acontece na merenda escolar, onde os municípios perdem receitas, os estudantes perdem qualidade, os pequenos produtores perdem vendas e uma empresa fatura, mas colabora com mesadas e patrocínios eleitorais.
Mas não fica só ai, a área de entretenimento também se terceiriza. De festas de peão a copas do mundo, tudo é entregue a inciativa privada, não porque ela administra melhor do que o estado, isso é mentira, mas porque o estado deve prestar contas, já o privado pode manter os gestores do estado, sob a mira de contas nas Ilhas Virgens, sem macular a imagem dos bons gestores.
Toda essa estrutura está montada em cima de regiões, de províncias, onde existe um senhor feudal, um comandante do esquema. Ele escolhe quem será o prefeito, alguns vereadores e deputados. Ele dá as cartas, pois tem com ele as empresas que prestarão os serviços e vendas. De transportes coletivos, a uniformes escolares, passando por empreendimentos imobiliários a venda de remédios, tudo já está selecionado. E todas as empresas e seus empresários serão os financiadores do caixa dois de campanha. Ninguém ira aparecer na contabilidade oficial.
Tudo é feito de forma a dar o tom de transparência e democracia. No final o candidato será eleito e a campanha terá um custo declarado de 10% do que realmente foi.
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