Um país sem vanguarda social
Os avanços
sociais são causados pela ruptura.
Social,
cultural, cientifica, climática, ou guilhotina.
Se considerarmos
vanguarda como ruptura, chegaremos a um ponto onde encontraremos o modernismo e
o tropicalismo. Duas possíveis ameaças de mudanças culturais. Talvez uma
terceira tenha sido promovida pelo DIP, que também era relativa ao início de
uma ruptura. Essas foram as únicas ameaças vanguardistas do Brasil.
Não tivemos rupturas sociais. Nunca.
Fomos o último
país a abolir a escravidão. Últimos a ter uma anistia que libertou de qualquer
acusação os torturadores e assassinos do estado, promovidos por um exercito,
cuja função de garantir soberania, desviou-se de suas funções, promovendo o
entreguismo, censura e ditadura, torturando e matando, todos os que fossem
contra, quando do outro lado, encontravam-se os que lutavam por liberdade.
Fomos os últimos
a ter uma comissão da verdade. Somos um país do jeitinho. O jeitinho
brasileiro. Somos os últimos a pensar em justiça social.
Saímos da
escravidão tardiamente, sem luta social e por consequência sem indenizações e
confiscos. Como resultado criamos a pobreza de raça, os guetos e os núcleos de
agradecidos, por termos lhes dado, o que era deles.
Saímos da
monarquia para democracia sem conflitos, num grande acordo, onde republicanos e
monarquistas encheram seus cofres. Ainda hoje pagamos a conta.
Saímos da era
de mudanças trabalhistas, nocivas aos interesses vis da classe dominante, com
um única bala.
Saímos de um
golpe militar, com outro acordo, sem revolução, punição ou mudanças, e o
resultado colhemos hoje.
A falsa
democracia a qual nos submetemos nos leva a um estado de eunucos dóceis. Sem
vanguarda, sem rupturas, nos acostumamos a esperar dias melhores, que nesse
estado cultural nunca virão.
Assim
caminhamos na amarga ilusão do país pacífico, onde 200 pobres morrem por dia,
onde latifundiários grilam terras de posseiros e com licença para matar, onde
riquezas naturais são entregues por políticos corruptos e se transformam em
cofres cheios na Suíça.
Somos o país
com mais terras cultiváveis, onde o povo não tem onde plantar.
Somos a cultura
da garrafa, na boca, ou descendo até sentar. E assim continuaremos, por séculos
e séculos. Amém.
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