quinta-feira, 21 de abril de 2016

Golpe e resistência.

Golpe e resistência

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Na sua inexcedível capacidade de superar a fantasia, a política rasteira nos transportou, no domingo 17/04, para o imaginário de Macondo, promovendo o encontro do realismo fantástico com o espírito de Macunaíma, no que ele tem de moralmente lássido e grotesco. A sociedade, preocupada com os destinos de seu país, postou-se diante da TV para saber como votavam seus representantes chamados a decidir o destino do mandato da presidente da República. Mas, no lugar de um espetáculo cívico, presenciou uma ópera bufa. Por horas, assistiu incrédula e – certamente constrangida – ao desfilar tragicômico de personagens ridículos que se sucediam diante as câmeras. Assim, o Brasil conheceu a Câmara e seus deputados. Aplausos para as exceções.
Não se ouviu dos adeptos do SIM um só conceito político ou jurídico, um só desenvolvimento de raciocínio adulto, lógico, mas, tão-só, um desalentador desfilar de sandices e pieguices: referências domésticas, familiares, expressões de uma religiosidade primitiva…. Absoluta ausência de senso e decoro. Ao fundo, a algaravia de mercado persa, incompatível com uma Casa de leis. Mestre de cerimônia do espetáculo burlesco, reinou impávida essa figura abjeta representada pelo ainda presidente da Câmara, deputado-réu, materialização de Frank Underwood, que salta da série estadunidense e dos esgotos do Capitólio para conviver conosco.
O espetáculo grotesco oferecido pela Câmara Federal expõe à saciedade quão imperiosa é a reforma, profunda, do sistema eleitoral que a produziu. Mas como esperar que nossos parlamentares livrem a legislação das mazelas e vícios que garantem a reprodução de seus mandatos? Pois essa é a Câmara que abriu o processo de impeachment. Uma Casa de maioria hegemonizada por um agrupamento de acusados, presidida por um parlamentar consabidamente desonesto, comandando um processo de cassação de uma presidente consabidamente honesta. E se esse processo tiver curso no Senado Federal, há risco de vermos uma presidente legitimamente eleita por 54,5 milhões de votos ser substituída por um vice perjuro, sem um só voto!
Pobre política brasileira.
A crise da democracia representativa brasileira está exposta à luz do sol e pode atingir o paroxismo, que certamente tomará as vestes de crise institucional, no iminente encontro da desmoralização parlamentar com o exercício da presidência por um vice sem legitimidade. Longe de promover o encontro da Nação com seu destino, de liderar a distensão política a caminho da união nacional, o hipotético governo será instrumento de desagregação, agravando a até há pouco escamoteada luta de classes, que será aprofundada, independentemente do que fizerem os movimentos sociais, em função das características da crise e do remédio prometido pelo receituário neoliberal e exigido pelos financiadores da caríssima campanha pró-impeachment: menos investimentos, mais superávit primário e menos compensações sociais, flexibilização do trabalho e reforma da previdência (contra os aposentados), mais privatização, mais recessão, mais desemprego. E, como cereja do bolo, a entrega do Pré-Sal às multinacionais do petróleo. Ao fim e ao cabo, mais crise social.
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Aliás, deve-se à direita o desmanche das ilusões de conciliação de classe que por tanto tempo encantaram lideranças petistas, imobilizando-as diante da luta ideológica, a que renunciaram, como renunciaram seus governos às reformas que poderiam, sem ferir o sistema, alterar a estrutura do Estado e promover uma correlação de forças favorável às massas. Renunciaram a uma reforma tributária progressiva, renunciaram à reforma política (daí a Câmara de hoje, que será sucedida por outra ainda pior), à democratização do meios de comunicação de massas, à reforma do Poder Judiciário, à reforma agrária, à reforma do ensino militar, para citar as mais ingentes. Um governo de origem popular, recém-saído de uma refrega eleitoral para cujo desfecho a esquerda foi decisiva, opta pelos entendimentos de cúpula que cevaram as forças que o trairiam na primeira oportunidade. Para agradar o ‘mercado’ opta por um reajuste fiscal recessivo, afasta-se de suas bases e não conquista a classe dominante, para quem acenava. Essa continuou no comando do golpe, do qual o 17 de abril não é nem o ponto de partida nem o ponto de chegada.
O processo histórico, porém, é contumaz em pregar peças, e assim ficamos a dever à direita brasileira a reaglutinação das esquerdas e do movimento social, e a virtual unidade, na ação, do movimento sindical. Foi a ameaça captura do Estado, sem voto, para alterar a agenda de prioridades, projeto da classe dominante brasileira, que reconciliou o governo com as massas, quando essas descobriram que o golpe era mesmo contra elas, isto é, contra os direitos dos trabalhadores, agora em 2016 como em 1954 e em 1964. A iminência do golpe de Estado – operado a partir das entranhas do Estado, por setores do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e do Judiciário, mas articulado de fora pelas forças de sempre (o monopólio ideológico dos meios de comunicação liderados pelos sistema Globo) ensejou às esquerdas, como mecanismo de defesa que logo se transformou em instrumento de luta, a unidade na ação, de que resultou a Frente Brasil Popular, e, com ela, a unificação dos movimentos populares e as grandes mobilizações.
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A consigna ‘Não vai ter golpe, vai ter luta‘, que em outras palavras significa a retomada, pela esquerda, da questão democrática, e a decisão pelo enfrentamento, tanto funcionou como discurso aglutinador quanto orientou a ação. Nas ruas as massas redescobriram sua força, e não pretendem refluir. O movimento social, assim, está na fronteira de um salto de qualidade, que lhe permitirá caminhar da defesa da legalidade e da democracia para o pleito e construção de um novo tipo de sociedade. Golpeadas pela farsa do impeachment, as esquerdas se preparam para unir a luta parlamentar à luta nas ruas.
As emoções desses dias parecem enunciar embates de duração, intensidade e profundidade impossíveis de prever.
Roberto Amaral
O livro A serpente sem casca ( da ‘crise’ à Frente Popular) pode ser adquirido através do site da editora Contraponto clicando aqui.
Roberto Amaral é escritor e ex-ministro de Ciência e Tecnologia

Na ONU contra o golpe, pelo contra-golpe





Porque é golpe?
Porque não existe motivos constitucionais.
Porque ir a ONU?
Para que o mundo conheça o golpe parlamentar, onde não existe parlamentarismo.
Porque o STF é contra?
Porque sabem que deveriam ter interferido, pois não existe crime, e Impedimento sem crime cometido é golpe. O STF ficará mundialmente conhecido por participar do golpe. O STF não respeitou a constituição. Deu espaço para Cunha continuar o golpe. Não fez nada contra Cunha, cujo pedido de afastamento se encontra na gaveta desde dezembro passado.
A TV Portuguesa, a TV Francesa, a TV Americana, A TV Inglesa, a TV Alemã e a TV Russa entre outras fizeram longas matérias, qualificando como GOLPE.
Ficará patente para o mundo que as leis brasileiras não são sérias, ou pelo menos aqueles que deveriam fazer com que fossem cumpridas.
A vergonhosa votação de domingo mostrou que nossa Câmara Federal é ridícula, ignorante, e maleável.
A fala de Dilma mostrará que o STF não garante o cumprimento das leis. Adiou mais uma vez a votação sobre a posse de Lula, num ato questionável, em que interfere no poder executivo.
Dilma pode diante desses fatos, com apoio mundial, solicitar que o exército intervenha para garantir a constituição.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Aos deputados indecisos, mas que ainda lembram o que é uma ditadura.



Dizer não ao golpe é uma obrigação cívica e democrática, em defesa da soberania nacional.
No futuro, nossos filhos e netos irão estudar história e ver quem compactuou com a entrega do Brasil ao Tio Sam.  Com a perda da soberania, com a volta ao FMI.
Antes de falar sobre o golpe quero lembrar alguns erros do PT, de Lula e de Dilma.
O PT, eu já denunciava em 2010, numa conversa com Vaccarezza e também em 2012, ao Deputado João Antônio, em seu gabinete na Assembleia Legislativa de São Paulo, estava naquele ano se peemedebelizando, ou seja, acontecia com o partido, o mesmo que aconteceu com o PMDB após ganhar as eleições do estado paulista,  ou seja o inchaço numérico sem qualquer averiguação de qualidade. Na minha cidade o PT virou partido de um ex-PSDB.
Membros do partido achavam lindo o partido crescer,  mas não crescia, inchava.
Aliado a isso, membros do próprio partido com a sede de poder, metiam os pés pelas mãos. É a síndrome do poder. Não adiantava alertar.
Lula e Dilma passam a colocar cada vez mais a direita dentro do palácio. Lula o homem da senzala passou a acreditar que poderia sentar na cabeceira da mesa da Casa Grande. Podia sim, enquanto estivesse dando a comida na boca dos donos das terras, após isso seria expulso. Lula não pensou e rodeado de puxa-sacos e incompetentes jamais foi alertado. É sempre assim, assessores incompetentes fazem tudo para agradar.
Lula por sua vez, quando esteve no auge da popularidade poderia ter feito as reformas sonhadas há cinco séculos. Poderia ter brigado pela reforma política, não o fez. Poderia ter feito a reforma agraria, não o fez e ainda se aproximou dos donos da casa grande. Poderia ter feito um plano cultural, não fez, nem ele, nem a Dilma, nada pela cultura, pelo meio ambiente e nem pelo ensino fundamental, onde tudo começa.
Dilma fez pior, se rodeou de petistas ruins, incompetentes e da direita canalha. Ainda tirou da liderança, quem era o trator das votações, Candido Vaccarezza. Dilma continuou errando dia após dia. E também não teve um único assessor, que batesse na mesa e falasse onde ela errado. Assessor que concorda com o chefe, não serve para nada.
Mas vamos voltar ao golpe. O golpe que deixará na história o nome dos traidores.
O golpe do coveiro da ditadura, Michel Temer, que nunca foi nada além da sombra do Quércia dentro do PMDB. O golpe do Cunha, mais sujo que pau de galinheiro mas sabe segredos de todos no legislativo e no judiciário. Ninguém tem coragem de mexer como Cunha. A começar pelo Moro, que não mexe nem com  tucanos mortos, como o Aécio.
O golpe que será estudado por meu neto, como o golpe dos corruptos.
Meus netos e seus netos vão aprender na escola, quem possibilitou a Zé Serra vender a Petrobras para a Chevron e os correios para a Fedex.
Saberão quem era contra o povo e votou contra a Bolsa Família, que livrou milhões de fome.
Em um país onde 54% da população é negra, verão quem votou pelo fim das políticas de cotas.
Vão estudar também quem enterrou as políticas para as minorias. Quem tirou o Brasil dos Brics e jogou de volta ao FMI. 
No futuro, nossos netos vão perguntar quem acabou com o SUS e os médicos de família, eles hoje não vão dizer que votaram pelo projeto do Cunha e também ajudaram a matar milhares de crianças pobres. Mas a história vai contar, inclusive para os netos deles.
Nos queremos um futuro, não queremos o passado, não queremos o retrocesso, não queremos uma justiça que se cala diante do roubo de merendas de crianças pobres, não queremos uma polícia que não sabe de quem são 450 kg de cocaína, aprendidas na casa do dono, com o helicóptero do dono e pilotado por funcionário do dono.  
Não queremos o Brasil de antes, o Brasil do FHC, não queremos ver engavetados 520 processos como na era do sociólogo, que mandou rasgar seu livro.
O Brasil de FHC édDiferente do Brasil da Dilma, em que pesem todos os desmandos, a presidente  liberou todas as investigações, deu dinheiro para a Polícia Federal, que resolveu brincar de soldadinhos da direita. Isso sem falar na receita federal, líder em reclamações por conduta ilegal contra consumidores brasileiros, que compram via correio, no exterior, mas deixar passar milhões para depósitos no mundo afora, sem falar dos contrabandos em geral.
Nos não queremos o Brasil de poucos, o Brasil da FIESP, queremos o Brasil do norte, sul, sudeste, nordeste e sudoeste.  Um Brasil para o povo. Não para empresários. Não para investidores, não para multinacionais.
Votar contra o golpe é um golpe naqueles que mais destruíram esse país e ficaram no governo por 502 anos.  
Nos precisamos de seu apoio caro deputado indeciso.  Seu eleitor por certo não são os empresários da FIESP, das multinacionais, os banqueiros e latifundiários. Seu eleitor é o povo. O povo que vem sendo enganado pela manipulação global, o povo que trabalha e terá seus direitos reduzidos.
Temer é a figura fúnebre que viveu nas sombras do PMDB e ressuscitou  com a possibilidade do golpe, para enterrar a democracia.  
Cunha dispensa comentários e o resto você conhece. Muito melhor que eu.
Diga não ao golpe, pelo Brasil, por seu eleitor e pela sobrevivência da democracia.
Se hoje cassam uma presidente sem motivos, amanhã podem fechar o congresso. A história sempre se repete.
O sim pela democracia é o não ao golpe.
Vamos evitar a ditadura da classe dominante e talvez até um derramamento de sangue, onde conhecidos e familiares podem estar envolvidos.
O golpe de 64 nos custou décadas de atraso. Hoje trilhamos a democracia. Não vamos anular milhões de votos. Pois se isso ocorrer, qualquer voto não terá mais valor. Qualquer voto dado na urna poderá ser rasgado, incluindo o seu.
Obrigado por sua atenção, obrigado pelo NÃO

Obrigado por deixar nossos netos estudarem em liberdade. 

quinta-feira, 7 de abril de 2016

"Impitimão"- A piada pronta e de mal gosto.

 Essa turma de "mãos ao alto", que pretende mostrar o que é honestidade governamental. 


No “Brasiu” é tudo diferente,  querem mudar o Brasil e transformar num Brazil.
Os que querem mudar, são os que sempre mandaram. Nunca mudaram e só melhoraram a vida deles e seus iguais.
O relator do processo de impedimento de Dilma deixa claro que não interessam os argumentos legais, o processo é político. Tenha, ou não cometido crime, para eles, que não tiveram votos, o importante é tomar o poder.
Temer com sua pinta de coveiro reclama do supremo, ele é um santo, que tem uma vida modesta e sempre viveu de suas aulas de direito. Idiota é o povo.
A polícia federal, que nesse governo teve liberdade para atuar, agora quer cassar o governo, para mostrar poder, poder que não tem para impedir contrabando nos aeroportos, pelo contrario, junto com a Receita fecha os olhos. É a polícia que não tem capacidade para coibir uma metralhadora Ponto 50 e outros milhões de armas diferentes e potentes, de entrarem no país. Parece que armas nascem nos morros. É a mesma polícia que ao pegar um helicóptero na casa do dono, com aeronave do dono e pilotos do dono, não sabe quem é o dono do pó. 
Esse é o “Brasiu” onde Caiado fala contra agricultores em nome da bancada da bala. Segundo eles é uma violência agricultores que foram expulsos e tiveram suas terras griladas pela bancada da bala, tentarem ocupar suas terras. É normal, num país onde puta goza, traficante é viciado e cafetão se apaixona.
E onde cafetão se apaixona é mais normal pobre, que vai perder direitos sociais, trabalhistas e crédito, numa possível mudança no poder,  apoiar a turma da FIESP.
Por falar em FiESP é a mesma que apoiou o golpe de 64 juntando uns milhões de dólares para comprar o Gal. Kruel. Mas ela não quer pagar o pato, apenas é contra a corrupção.  O dinheiro para o General foi apenas um presente. Boa mesmo ela sempre foi no financiamento de tortura, que gerou canalhas como o Delegado Fleury, que por sinal criou a Rota Caipira, a primeira rota profissional do trafico de drogas.  Mas droga também gera empregos.
É um “Brasiu” alegre, inteligente, culto, onde pessoas querem cassar a presidente, fazendo o jogo de grupos empresariais para colocar em seu lugar os 3 homens mais honestos do “brasiu”, que são o Cunha, o Renan e o Temer.
E com os 3 no poder finalmente os de sempre voltam ao poder. E ao povo resta o phoder.
No grupo do poder tem empresários, as multinacionais do automobilismo que se fartaram de lucros com a isenção de IPI.  Tem a FIESP, patrocinadora de golpes, tem os tucanos, entre eles Serra, que tudo o que quer é vender a Petrobras e o pré-sal . Se der tempo os Correios e a água. Tem o Alckmin, representando a Opus Dei, que ainda não percebeu, que se Dilma cair ele não tem chance. Não adianta rezar e nem se mutilar.
Mas a piada mais pronta são os gritos das paneleiras vazias e coxinhas cornos. Eles são os últimos a saber.
Não sabem que a constituição é rasgada quando um golpe, pois impedimento sem crime é golpe, é deflagrado. Não sabem que as conquistas sociais não podem ser canceladas, pois isso irão gerar décadas de atraso, não sabem que a democracia é mais do que não gostar da presidente, não sabem que os congressistas não trabalham e eles não deixam o país avançar. Não sabem que está em jogo a organização do aparelho democrático de um país.
O povo que grita e bate panelas não sabe quem vai ficar com a caneta e nem com as contas no exterior, como as de Cunha. 

O Brasil, se depender da turma do Brasiu, vira logo um Brazil. Essa é a piada, mas quem ri depois serão apenas os empresário.  Para ao povo restará chorar, os que batem panelas e os que não querem o golpe.