De volta ao passado.
O Brasil perdeu. Perdeu todas as conquistas e lutas dos
últimos 38 anos. Perdeu as lutas
iniciadas em 1976, a lutas contra a censura, as lutas por eleições, as lutas
por uma constituinte.
Em nome de uma “governança” rasgaram a constituição.
As vitórias por liberdade i igualdade foram usadas para dar
a palavra aos conservadores, ladrões e vendilhões do templo.
Ressuscitaram as múmias que em 1964 saíram às ruas berrando histericamente
contra João Goulart.
Das lutas contra a censura, sobraram as vozes dos
conservadores, usando a liberdade para pregar a ditadura econômica, a volta ao
passado e o fim de benefícios sociais.
Das lutas por igualdade de raça, gêneros, religião e social,
surgiram os pastores, com toda liberdade pregando o retrocesso e o fim da própria liberdade.
As armadilhas deixadas pela ditadura foram armadas para
explodirem no futuro, hoje. Culpa da
reforma agraria, que não foi feita, da reforma educacional, que não foi feita.
Da reforma política, que não foi feita. Da inclusão social, que não foi feita.
Da reforma econômica, que não foi feita.
A volta ao passado é a volta do ódio represado. Ódio das
elites, que quase perderam o poder.
A culpa é mais que partidária. É cultural. É a culpa da ignorância.
Tudo o que aconteceu depois de 1982 é culpa dos que se elegeram em 1982, que
acreditaram apenas na democracia como propulsora das mudanças, que por medo, ou
sonho, não foram feitas.
Brizola, Montoro, Arraes, entre outros deveriam ter ido
além, mas acreditaram num futuro estado democrático, onde tudo se ajeitaria com
o tempo e as necessidades de uma nova sociedade seriam conquistadas a medida
que reivindicadas.
Erraram, mas foram alertados. Pelo menos por 3, ou 4
vezes, por dois, ou três gatos pingados.
E o futuro chegou rápido. Chegou com PSDB criando mecanismos
de compra de congressistas, para não repetir a cassação de Collor. Chegou com o
PSDB entregando riquezas da terra, aos donos do mundo. Chegou com o PT
assumindo e criando uma nova casta de congressistas compráveis e cada vez mais
caros.
E no meio disso tudo, claro, pequenas conquistas sociais,
que foram tudo que tivemos no pós ditadura, além de um plano Real, feito pelo
Itamar (e esquecido) e de uma constituinte cidadã e democrática, assinada por
Ulisses, mas já rasgada, sem qualquer proteção da justiça , ou do exercício.
A direita dessa vez, apoiada em pastores de cordeiros dóceis
e treinados, usando o poder da mídia para converter ignorantes e a raiva das
paneleiras, sem domésticas baratas, podem jogar o país de volta a 1954. Parece
que desde a saída de Washington Luís, 1954 foi marcado como data permanente do
calendário brasileiro.
A culpa não é do PT, ou do PSDB, ou do que sobrou no PMDB.
Esses apenas são instrumentos dos mesmos de sempre. Fazem qualquer coisa por
poder e as diferenças políticas se
resumem ao que vão entregar aos donos do mundo e o valor das vendas.
Muitos me chamam de defensor do PT, errado. Desde 2002 voto
no PT, nas eleições majoritárias, porque conheço o PSDB. Convivi com alguns
membros desse grupo desde 1976. Ai está o maior motivo pela opção petista.
O PT que não é diferente na essência ideológica. Começou por
um movimento de trabalhadores das multinacionais, que reivindicavam sobre tudo,
salários. Nunca foi um movimento social.
Mas teve adesão de políticos, que acharam oportuno transformar esses
trabalhadores em núcleos de políticos ativos, embora incultos. Uma classe
trabalhadora, que queria virar patrão. Dá na mesma, é como a revolução dos
bichos, no fim sentam-se na mesma mesa com os mesmos propósitos. Achando é
claro, que fazem parte da casta. Ledo engano. A casta não abre espaço para os
não portadores de pedigrees.
E o PT fez o progresso social, sentado na mesma mesa do
patrão, achando que fazia parte do grupo, mas para fazer parte do grupo era
necessário dividir o pão.
Assim foi, dividiram o pão com congressistas e aprimoraram o
mensalão, sem a mesma categoria de um tucano, quando cria o trensalão. E usando
a linguagem popular: deu merda.
Mas não se contentaram com isso. Fizeram posteriormente a
politica dos dominantes, a recessão religiosamente preparada para criar
insatisfação, a economia da cartilha do Delfim e de todos aqueles que passaram pelo governo.
Queimaram suas lideranças poéticas e historicamente relevantes,
como Genuíno e Dirceu. Afastaram Plínio e outros saudosistas sonhadores. Deram
o poder aos ignorantes, ressuscitaram as múmias peemedebistas, a ponto do
coveiro ser o vice e como Nosferato ressurgir alegre e retumbante nos becos
escuros do poder. Deram vós aos pastores
e criaram uma nova raça. A raça dos
ignorantes com voz.
Dilma foi reeleita, não porque era a melhor, mas porque os
concorrentes eram infinitamente piores. Reeleita deu poder a quem nunca teve,
ou já estava enterrado.
Depois da bolsa banqueiro, criada por tucanos, foi o PT,
quem mais ajudou a classe dominante e ai criou a bolsa multinacionais. O Brasil
criando condições para a indústria automobilística financiar carros de luxo
vendidos a preços baixos na Europa.
Esqueceram até que somos um país agrário, mas não do Blairo
Maggi e companhia. Esqueceram que um país agrário é o país da reforma agraria. Ai
sim a geração de empregos e a volta do homem ao campo, num país continental,
seria bem vinda.
Esqueceram da reforma tecnológica, esqueceram acima da tudo
da reforma cultural. A verdadeira reforma, que traria a inclusão social.
Enfim, Dilma está na mesma sala de Washington Luís em seu
ultimo dia de governo. Não se sabe
quantos dias irá durar. Pode ser até o último dia, mas o Brasil já voltou ao
passado. A crise econômica é passageira, mas a crise social, intelectual,
cultural é irreversível a curto prazo. Voltamos pelo menos 50 anos.
Será necessário que novas gerações surjam, com aprimoramento
cultural e investimento intelectual. Mas
isso não vai acontecer. Em 2050 talvez
voltemos a 1982 e ai, se tudo der certo, poderemos retomar conquistas sociais
de 1982.
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