quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Marcio França e o PSB em São Paulo

 

Marcio França e o PSB em São Paulo



 


Acompanho Márcio França desde os anos 1990, quando se elegeu prefeito de São Vicente. Foi um grande prefeito e se reelegeu com mais de 90% dos votos. Tem que ser muito bom para conseguir isso.

Nos anos 2000, após deixar a prefeitura de São Vicente, já como presidente estadual do PSB, ele parecia que iria deslanchar, levar o partido para a esquerda, mantê-lo como centro esquerda e se tornar uma opção ao PT, quando esse deixasse o governo federal, mas França buscou outro caminho e se aliou aos Tucanos de Alckmin, Serra e ao privata FHC.

Enquanto, em São Paulo o PSB deitava-se no ninho dos Tucanos, no nordeste crescia como oposição aos privatas, se associava aos governos que batem em professores e alunos, pagam salários baixos aos professores e policiais e aumentam pedágios para beneficiar empresas do ramo. O presidente dos socialistas de São Paulo sentava na mesma mesa dos golpistas nacionais.

Marcio se destacou com um governo social e de resultados em São Vicente. Ao se aliar a tucanos ganhou alguns meses de governo, onde não mostrou sua difere como político e ser humano. Márcio manteve os mesmos assessores tucanos plantados por Alckmin, mas seu discurso tentava ser progressista, ao mesmo tempo que elogiava Alckmin e não desagradava Bolsonaro. No ultimo debate mandei diversas mensagens a sua assessoria. Eu e, provavelmente o eleitor, não entendíamos como alguém do PSB poderia elogiar tanto o governo que bateu em professores e alunos e ao mesmo tempo propor a valorização dos mesmos. Ele fez uma campanha defendendo o governo, muito mais que o próprio candidato do governo e o candidato do governo era o Dória.

Nos poucos meses como governador, França perdeu a chance de mostrar a diferença entre um tucano e o PSB. Se sacrificou sua legenda ao fazer acordo com os privatas, agressores de crianças e professores, deveria no mínimo usar esses poucos meses de governo, para ir a forra e mostrar porque é diferente. Mas foi apático, talvez até por uma questão de palavra, com o Picolé de Xuxu, mas ao ser apático e defender Alckmin, coisa que Dória não faria, jogou sua campanha no lixo.

Várias vezes comentei com seus assessores a lealdade de França e que o mesmo estava sendo traído por políticos das duas maiores prefeituras do estado, fora a capital e em várias regiões, que eu acompanhava. França é um cara de palavra que acredita em políticos sem palavras. Como está a campanha de seu partido em Guarulhos, ou Campinas? O que sobrou nessas cidades e suas regiões? Marcio não enfrentou os traidores e ainda perdeu companheiros de anos de partido, em outras cidades. Pedreira, na grande Campinas, tinha um prefeito que era histórico dentro do PSB. Em nenhuma ocasião foi ouvido. Já em Atibaia, Márcio ouviu oportunistas, que sequer se mantiveram na legenda. São pequenos exemplos para ilustrar um processo de fritura, com o candidato e consequente enfraquecimento do partido.

Marcio foi a seguir para a disputa na capital paulista, torci e pedi votos, mas em nenhum momento de sua campanha, ele Marcio, foi o candidato de centro esquerda. Voltou a falar da valorização de professores e policiais, sem fazer qualquer denuncia contra os tucanos. Os verdadeiros causadores do desastre paulista. Oras, se Márcio estava ali para ser um tucano genérico, porque não votar no tucano original e, pelo mesmo preço?

São Paulo estava se dividindo e se curando da onda de evangelização bolsonarista. Márcio não percebeu e continuou batendo na mesma tecla. Boulos mostrou a alternativa, uma ideia diferente do que se faz há anos na capital.

Marcio precisa se definir, ainda espero vê-lo governador, mas ou acompanha seu partido e vai para o centro esquerda, com PDT e outros, ou se torna definitivamente um tucano. Márcio precisa de uma assessoria que divirja e mostre os erros, o que ele tem hoje é amigos acomodados, que concordam e buscam suas próprias manutenções em cargos de pequeno poder.

Não é uma critica, apenas constatação. Márcio França é um grande nome para São Paulo, mas tem perdido o bonde da história. Não dá para ser de todos os lados. É preciso, que ele Márcio, mostre quem é, eu conheço e acredito, mas a grande massa, não.

Espero que ele assuma a campanha de Boulo e ajude a mudar São Paulo.

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