Marcio França e o PSB em São Paulo
Acompanho Márcio França desde os
anos 1990, quando se elegeu prefeito de São Vicente. Foi um grande prefeito e
se reelegeu com mais de 90% dos votos. Tem que ser muito bom para conseguir isso.
Nos anos 2000, após deixar a
prefeitura de São Vicente, já como presidente estadual do PSB, ele parecia que
iria deslanchar, levar o partido para a esquerda, mantê-lo como centro esquerda
e se tornar uma opção ao PT, quando esse deixasse o governo federal, mas França
buscou outro caminho e se aliou aos Tucanos de Alckmin, Serra e ao privata FHC.
Enquanto, em São Paulo o PSB
deitava-se no ninho dos Tucanos, no nordeste crescia como oposição aos
privatas, se associava aos governos que batem em professores e alunos, pagam
salários baixos aos professores e policiais e aumentam pedágios para beneficiar
empresas do ramo. O presidente dos socialistas de São Paulo sentava na mesma
mesa dos golpistas nacionais.
Marcio se destacou com um governo
social e de resultados em São Vicente. Ao se aliar a tucanos ganhou alguns
meses de governo, onde não mostrou sua difere como político e ser humano.
Márcio manteve os mesmos assessores tucanos plantados por Alckmin, mas seu
discurso tentava ser progressista, ao mesmo tempo que elogiava Alckmin e não
desagradava Bolsonaro. No ultimo debate mandei diversas mensagens a sua
assessoria. Eu e, provavelmente o eleitor, não entendíamos como alguém do PSB
poderia elogiar tanto o governo que bateu em professores e alunos e ao mesmo tempo
propor a valorização dos mesmos. Ele fez uma campanha defendendo o governo,
muito mais que o próprio candidato do governo e o candidato do governo era o
Dória.
Nos poucos meses como governador,
França perdeu a chance de mostrar a diferença entre um tucano e o PSB. Se
sacrificou sua legenda ao fazer acordo com os privatas, agressores de crianças
e professores, deveria no mínimo usar esses poucos meses de governo, para ir a
forra e mostrar porque é diferente. Mas foi apático, talvez até por uma questão
de palavra, com o Picolé de Xuxu, mas ao ser apático e defender Alckmin, coisa
que Dória não faria, jogou sua campanha no lixo.
Várias vezes comentei com seus
assessores a lealdade de França e que o mesmo estava sendo traído por políticos
das duas maiores prefeituras do estado, fora a capital e em várias regiões, que
eu acompanhava. França é um cara de palavra que acredita em políticos sem
palavras. Como está a campanha de seu partido em Guarulhos, ou Campinas? O que
sobrou nessas cidades e suas regiões? Marcio não enfrentou os traidores e ainda
perdeu companheiros de anos de partido, em outras cidades. Pedreira, na grande
Campinas, tinha um prefeito que era histórico dentro do PSB. Em nenhuma ocasião
foi ouvido. Já em Atibaia, Márcio ouviu oportunistas, que sequer se mantiveram
na legenda. São pequenos exemplos para ilustrar um processo de fritura, com o
candidato e consequente enfraquecimento do partido.
Marcio foi a seguir para a
disputa na capital paulista, torci e pedi votos, mas em nenhum momento de sua
campanha, ele Marcio, foi o candidato de centro esquerda. Voltou a falar da
valorização de professores e policiais, sem fazer qualquer denuncia contra os
tucanos. Os verdadeiros causadores do desastre paulista. Oras, se Márcio estava
ali para ser um tucano genérico, porque não votar no tucano original e, pelo
mesmo preço?
São Paulo estava se dividindo e
se curando da onda de evangelização bolsonarista. Márcio não percebeu e
continuou batendo na mesma tecla. Boulos mostrou a alternativa, uma ideia
diferente do que se faz há anos na capital.
Marcio precisa se definir, ainda
espero vê-lo governador, mas ou acompanha seu partido e vai para o centro
esquerda, com PDT e outros, ou se torna definitivamente um tucano. Márcio
precisa de uma assessoria que divirja e mostre os erros, o que ele tem hoje é
amigos acomodados, que concordam e buscam suas próprias manutenções em cargos
de pequeno poder.
Não é uma critica, apenas
constatação. Márcio França é um grande nome para São Paulo, mas tem perdido o
bonde da história. Não dá para ser de todos os lados. É preciso, que ele
Márcio, mostre quem é, eu conheço e acredito, mas a grande massa, não.
Espero que ele assuma a campanha de Boulo e ajude a mudar São Paulo.