Cuba
continua nos meus pensamentos, para mim é muito mais que a ilha do Fidel. É
mais que uma pequena ilha do Caribe, onde norte-americanos montaram cassinos,
prostibulos, exploravam o povo e lavavam o dinheiro da Máfia.
Cuba é o
futuro, o único futuro possível para o mundo, portanto um péssimo exemplo para
as pretensões e explorações norte-americanas.
Como eu
estudei aqui no Brasil, nos anos setenta, em plena ditadura militar, tudo o que
sabíamos de Cuba era distorcido, então o Brasil da ditadura nos foi ensinado
que era democrata, enquanto Cuba era o inferno da ditadura. Mesmo após a
ditadura, esse conceito mentiroso sobre Cuba, continuou sendo divulgado pela
grande mídia.
O que se
mostrava de Cuba era seu povo passando fome, morrendo sem remédios e sendo fuzilado
num paredão. No final dos anos setenta fui trabalhar em um velho jornal do
interior, aqueles de linotipo, fotografias feitas em clichês de cobre e óleo diesel
para acionar as grandes máquinas, um dia mexendo em velhos arquivos de clichês,
encontrei uma caixa com material enviado pelos EUA, com tirinhas humorísticas para
serem publicadas, que foram usadas nos anos de 1960 para mostrar a dificuldade
da vida em Cuba. Aquilo tudo servia para desencorajar os brasileiros e,
provavelmente eram enviados para milhares de jornais, em pelo menos cinco mil
localidades brasileiras e talvez a toda América Latina.
Os EUA não
interferiam diretamente em Cuba, como formavam a opinião dos países latinos da
américa, contra o regime de Fidel.
Eu levei
muito tempo para conhecer Cuba, somente aos 60 anos de idade consegui
finalmente visitar a Ilha.
Nos últimos tempos,
tudo o que se comentava sobre Cuba, eram notícias sobre mortos tentando a
travessia para o paraíso ianque.
Clinton, “o
democrata”, usou a Lei “pés secos, pés molhados”, por meio da qual, durante anos,
todos os cubanos que chegavam ao território norte-americano podiam ficar no
país, ainda que tivessem chegado de forma ilegal. A lei utilizada por Bill
Clinton causou um êxodo de cubanos e milhares de mortes.
A propaganda
distribuída por rádios, tvs, internet e panfletos na Ilha, incentiva o cubano a
se arriscar com a garantia de visto, moradia, empregos e uma vida
hollywoodiana. Triste engano.
Essa
propaganda usando o sonho de cubanos mal informados percorreu o mundo e de
certa forma foi boa para os ianques, que tiveram mão de obra barata, enquanto
os cubanos foragidos se consideravam importantes, ainda que não passassem de
escravos latinos em Miami. Ainda são.
O que
americanos sabem de Cuba é o mesmo que a maioria dos brasileiros ignorantes, ou
seja, nada. Assim é fácil nomear Cuba, como um país prisão, enquanto a América
do Norte é o exemplo a ser seguido por todos os países das américas.
Enquanto
Cuba leva sua vida com dificuldades impostas por um embargo canalha, apoiado
pela ONU, que não serve para nada, os EUA levam sua democracia para o terceiro
mundo, como os Portugueses e Espanhóis distribuíram espelhos e apitos aos
nossos índios, como um grande favor, em troca de suas terras e sua morte. E
assim exterminaram os Incas, Tamoios, Guaranis e outras centenas de
civilizações da américa pré-colombiana.
A saga
americano por poder começou na primeira grande guerra, quando ela percebeu que
empresas como a Fiat na Itália, ganharam muito com a guerra. E assim
continuaram, não importa para a “América”, quantos americanos poderiam morrer,
suas famílias ganhariam medalhas e uma bandeira, enquanto grandes empresas
teriam sua parte em dólares e poder. Assim tornaram-se um império, enquanto o
mundo se recuperava e buscava melhores condições de vida para seu povo. Depois
veio Coréia, Vietnã, Iraque, Irã, Síria, Afeganistão, não importa onde, desde
que desse lucros.
Já na
América Latina, pobre e com raras exceções sem petróleo, é mais fácil comprar
exércitos, como no Brasil em 1945, e 1964, no Chile em 1973, no Paraguai, na
Argentina, ou comprar imprensa e judiciário, projeto testado no Paraguai em
2014 e repetido no Brasil em 2016 e na Bolívia dois anos depois.
Para conseguir
esse poder de matar, essa licença para matar e saquear foi necessário não
apenas uma ONU relapsa e inoperante, como um povo ignorante, religioso e
patriota. Os 3 pilares da manutenção de uma servidão que eles chamam de
democracia. Foram além e criaram Hollywood, a fábrica de sonhos que propagava
uma América livre, rica e sob a proteção de um tal deus, que só existe mesmo
nos seus dólares falsos, sem qualquer lastro. O dinheiro mais falso do planeta.
Quanto a
liberdade, vale lembrar que em 1929, quando Olympio Guilherme filmou A Fome, filme
realista sobre a crise americana, seu filme foi proibido e desapareceu do
mercado. Serguei Eisenstein também teve sua obra destruída, mutilada, exilada,
no país da democracia, afinal todos são livres para falar das benesses. Quantos
filmes americanos sobre a II Guerra, nos mostram que morreram 20 milhões de russos
e 14 milhões de chineses, além dos 6 milhões de judeus? E hoje, quantos filmes
hollywoodianos mostram 40 milhões de famintos no território americano?
Os heróis
ianques são sempre democratas lutando contra o diabo. Nada melhor que ter um
inferno a 80 quilômetros de Miami, comandado por demônios como Fidel, para
mostrar ao povo americanos, como eles são prósperos e os cubanos pobres
coitados.
Esses pobres
coitados da Ilha do inferno, não sabem o que é morrer na guerra, enterrar
filhos patriotas que morreram quando só estavam matando pobres do terceiro
mundo. O cubano não sabe o que é enterrar um filho que foi baleado por um
amiguinho desiquilibrado nas ruas. O cubano nunca imaginou o que são 40 milhões
de norte-americanos morrendo de fome e de frio nas ruas, afina Cuba só tem 11
milhões. O cubano não sabe o que é pagar para viver, porque ele simplesmente
vive, modestamente mais vive, enquanto mais ao norte seus conterrâneos fugitivos,
empolgados com as histórias de Hollywood lavam as latrinas de americanos obesos
e acéfalos, encantados com um abraço do Mickey na Disneylândia, verdadeiros Patetas.
O cubano
ganha em média 5% do americano classe baixa, mas pode sair na rua, a hora que
quiser, trabalha menos e tem mais tempo para família e amigos, não precisa
trabalhar para viver, gastar 20% de seu salário com transportes, 40% com
educação, 40% com seguro saúde e empréstimos que vão até seus últimos dias.
Pobre cubano, não tem liberdade para morar na rua, morrer congelado e ser
assaltado.
Em Varadero,
no início de 2020 conversei com um cubano que tinha o sonho de ir para os EUA e
morar na California, ser artista de cinema e ficar rico. Ele me disse que era
só ir. Ele conseguiria, por já viu vários filmes que indicavam essa
possibilidade. E foi aí que fiquei pensando, se a China quer crescer ela
precisa de sua Hollywwod. Digo China por seu poder econômico. Já imaginaram um
programa diário sobre Cuba, mostrando seus sistema de governo, suas crianças na
escola, nenhum vendedor de drogas, segurança e tranquilidade para deixar os
filhos saírem sem se preocupar com overdoses, estupros e tiros? Como os americanos
se sentiriam se soubessem que liberdade não é escolher entre o tipo de lanche
no Mac Donalds, mas onde ir, o que fazer e sem se preocupar?
Talvez vendo
imagens de Cuba eles percebam a escassez, mas escassez não é a fome em Nova Iorque
ou as drogas em São Francisco, escassez
é devido ao embrago dos imperialistas. Um embargo diferente da Venezuela, onde
o motivo é o petróleo, esse é um embargo devido ao mau exemplo de Cuba para o
sistema econômico americano, onde muitos trabalham até a morte, para que poucos
vivam bem.
Existe outro
problema em Cuba, e esse no futuro se tornará pior que o embargo dos
terroristas. As religiões da prosperidade. Esse é o principal ponto de mudanças
sociais e fim de uma nação. Foi assim, como eu já disse, desde o descobrimento
da América. Foi assim quando americanos, em 1964 deixaram no Brasil, o ovo da
serpente, dos quais nasceriam os novos pastores, que 40 anos depois estariam
prontos para serem participes de um golpe, graças a “ignorantização” da
população. Com 30% de ignorantes e fieis, eles contribuíram com 50% do golpe de
2016. Os outros 50% são compostos de congressistas, na maior parte corruptos,
empresários ávidos por mais lucros e um juiz a serviço dos EUA. Em Cuba já são
10% de evangélicos e provocaram até mudanças na constituição. A principio eles
irão lutar contra religiões afros de Cuba, para garantirem maior espaço na
sociedade, depois partirão para um projeto político, onde a ciência não tem
lugar e a era medieval parecerá próxima. Esse é um futuro claro que se repete
em vários países.
Sim, existe
uma visível escassez de produtos alimentícios em Cuba, mas isso poderia ser
resolvido caso a China resolvesse apoiar a Ilha, já que a ONU permite um
embargo terrorista.
Um eventual apoio da China estaria livre de sansões. Nenhum país do mundo deixaria de negociar com o gigante oriental. Nenhum e, a China poderia produzir mais em Cuba. São vários setores nos quais o apoio da China seria útil, como também seriam Brasil e Argentina na área da agricultura, caso os dois não tivessem passado recentemente por golpes políticos influenciados pelos imperialistas.
Muito se
fala, principalmente no terceiro mundo, na falta de liberdade em Cuba.
Vamos
analisar a liberdade:
Em Cuba fui
onde eu queria, a qualquer hora do dia e da noite, sem medo de ser sequestrado,
assaltado ou morto. Ninguém pode fazer isso no centro de São Paulo, a maior
cidade da América do Sul. Ninguém pode fazer isso na periferia do Rio de
Janeiro, de noite, ou de dia.
Segundo a “sabedoria”
terceiro-mundista o povo cubano é escravo do estado. Eu conversei com um
funcionário cuja função e matar mosquitos, ele trabalha 36 horas semanais e tem
no resto da semana a liberdade de ficar com os filhos e até fazer outras
coisas. Aqui para o pobre manter uma família de 4 pessoas, precisa trabalhar 12
horas por dia e torcer por algum milagre.
Em Cuba
passei em algumas escolas e até observei pela janela uma aula no ensino
fundamental. Todas as escolas são boas, todas as crianças estudam. Aqui as
escolas estatais foram sucateadas, uma boa escola privada custa em torno de 200
dólares e o pobre não chega nela. A classe média, com dois filhos gastará 400 dólares
mensais para seus filhos terem bom ensino.
A situação
da saúde em Cuba, exceto por luxo e alguns insumos importados, me pareceu
excelente, muito melhor e mais rápida que o sistema público no Brasil, esse
usado pela nossa classe pobre, ou seja 70% da nação. A classe média precisará
mais 200 a 400 dólares por um plano de saúde. Sim, temos a liberdade de
trabalhar mais para pagar um direito de todos.
Cultura é
outra aspecto a ser discutido. A cultura geral do povo cubano é acima da média.
Conversei com vários motoristas de taxi, garçons e policiais, sobre várias questões,
de domínio total. Shows, exposições, museus, teatro, cinemas, etc., são acessíveis.
No brasil a ignorância começa por saber onde é Cuba, ou como vive seu povo. A
maior parte da população aqui, nunca foi a um teatro, ou sequer entrou numa
biblioteca. O nível dos artistas mais conhecidos no Brasil é baixa e na maior
parte do mundo, sequer seriam considerados artistas. A liberdade cultural aqui
se resume a discutir entre o ruim e o pior. Dali, Picasso, Kafka, entre outros,
são nomes cujos significados são desconhecidos no Brasil.
A cultura, usando
a palavra num sentido amplo, de forma geral não tem a participação de 60% e se incluída
na programação da classe média, representaria mais 400 dólares por mês.
O transporte
coletivo em Cuba tem um valor baixíssimo. Era 1 centavo em fevereiro de 2020, a
passagem de um ônibus urbano. Aqui o transporte do trabalhado, tem em geral o
custo de 1 dólar por passagem, muito usado pela classe pobre, que é a maioria
do país. A classe média usa veículo próprio, sem falar das dívidas eternas para
a compra de um carro, sua manutenção média, com impostos anuais, seguros, combustíveis
e manutenção, passam dos 400 dólares mensais.
Então voltemos
ao início do tópico. Liberdade. Com baixíssimos salários, o cubano tem onde morar,
escola, saúde, segurança para ir e vir, cultura e condução. Exatamente esses
itens, aqui no Brasil, ficariam entre 400 dólares para o pobre a 1600 dólares
para a classe média. Ou seja, o pobre que ganha salário mínimo de 200 dólares,
está abaixo da linha de pobreza e a classe média, a mais falsa e finge que
vive, tem uma despesa mensal de oito mil reais, sem falar em alimentação, impostos,
condomínio (outra coisa que cubano não conhece, mas seria uma espécie de
segurança, para manter o pobre fora da cerca e só deixa-lo entrar, quando for
para trabalhar, de preferencia com baixos salários, nas casas da classe média.
Alguns desse
detalhes são desconhecidos pelo povo cubano, principalmente aqueles que se
revoltam contra as condições impostas pelo embargo, esquecendo de quem são os responsáveis
pela atual situação e culpa do governo pela escassez de alguns produtos. Esses
são movidos pela propaganda capitalista, que chega pelos cinema, via grandes
produções de Hollywood e hoje, principalmente pela internet.
O cubano não
tem conhecimento, que São Francisco, CA., tem hoje 40 quarteirões de viciados e
desempregados, moradores de rua. Não sabem que nos EUA, 40 milhões de pessoas passam fome, são quatro Cubas. Não sabem que
todas as crises da América Latina, eu disse todas, são provadas pelos EUA.
Essa questão
da propaganda tem sido importante para a mudança de comportamento de jovens,
ainda iludidos pelas falsas notícias sobre o capitalismo. Precisam ser pensadas
e combatidas com a verdade. Em Varadero conversei com pelo menos 4 pessoas, que
sonham em viver em Hollywood, ou como se vive em Hollywood.
Depois de
quinze dias em Cuba, andando muito e conversando com muita gente, voltei
admirado com o modelo. Talvez os cubanos não entendam essa admiração, mas a
maioria deles, não duraria uma hora, em alguns pontos de São Paulo, Rio, ou
Nova Iorque.
Levei muito
tempo para conhecer Cuba, se tivesse ido por volta dos 20 anos de idade, com
certeza teria lutado para morar lá. Com 60 é mais difícil, mas com toda a
certeza do mundo, se tivesse visto, nem sei o que é necessário, eu iria e os
planos seriam muitos.
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